Prevenção de perdas Archives - Protiviti

O comércio eletrônico, ou e-commerce, tem se consolidado como uma das principais formas de compra e venda de produtos e serviços no Brasil. Este mercado está em constante evolução e adaptação às novas tecnologias e mudanças no comportamento do consumidor. Nos próximos anos, algumas tendências de e-commerce são esperadas para transformar significativamente o setor, impactando tanto as empresas quanto os consumidores. A seguir, confira algumas dessas tendências e entenda como elas tão transformar os negócios.

Crescimento do Mobile Commerce (m-commerce)

O uso de dispositivos móveis para compras online, conhecido como m-commerce, está em ascensão no Brasil. Com o aumento da penetração de smartphones e a melhoria da infraestrutura de internet móvel, os consumidores estão cada vez mais utilizando seus dispositivos móveis para realizar compras. Segundo dados da Ebit|Nielsen, em 2023, as compras realizadas via dispositivos móveis já representavam 51% do total das vendas online no Brasil. A tendência é que esse número continue crescendo, impulsionado pela facilidade e conveniência proporcionadas pelos smartphones.

Experiência do Usuário (UX) Personalizada

A personalização da experiência do usuário é outra das principais tendências de e-commerce. Empresas estão investindo em tecnologias como inteligência artificial (IA) e aprendizado de máquina (machine learning) para oferecer recomendações de produtos personalizadas e melhorar a navegação no site. De acordo com um estudo da PwC, 73% dos consumidores afirmam que a experiência do usuário é um fator importante em suas decisões de compra. No Brasil, essa tendência se reflete em investimentos em plataformas que permitem uma experiência de compra mais fluida e adaptada às preferências individuais dos clientes.

Integração Omnicanal

A integração omnicanal, que consiste na unificação de diferentes canais de venda e comunicação, é outra tendência crescente. Empresas estão buscando oferecer uma experiência de compra consistente e integrada, seja online ou offline. Isso inclui desde a possibilidade de comprar online e retirar na loja física (click and collect), até o uso de chatbots para atendimento ao cliente em múltiplos canais. Segundo pesquisa da Zendesk, 64% dos consumidores esperam uma experiência de atendimento integrada, independentemente do canal utilizado.

Crescimento do Social Commerce

O social commerce, ou comércio social, está se destacando como uma tendência relevante no Brasil. Redes sociais como Instagram e Facebook têm se tornado plataformas importantes para a promoção e venda de produtos. A popularização dos “influenciadores digitais” e a integração de funcionalidades de compra diretamente nas redes sociais têm impulsionado essa tendência. Um estudo da Hootsuite revela que 58% dos usuários de internet no Brasil utilizam redes sociais para pesquisar produtos antes de realizar uma compra.

Sustentabilidade e Consumo consciente

A preocupação com a sustentabilidade e o consumo consciente está cada vez mais presente entre os consumidores brasileiros. Empresas de e-commerce estão respondendo a essa demanda com práticas mais sustentáveis, como embalagens recicláveis, produtos eco-friendly e logística reversa para devolução de produtos. De acordo com pesquisa do Instituto Akatu, 72% dos consumidores brasileiros preferem comprar de empresas que demonstram preocupação com a sustentabilidade.

Pagamentos Digitais e Carteiras Virtuais

A adoção de métodos de pagamento digitais e carteiras virtuais está transformando a maneira como os brasileiros realizam suas compras online. Soluções como Pix, carteiras digitais (e-wallets) e pagamentos por aproximação estão se tornando cada vez mais populares. De acordo com dados do Banco Central do Brasil, em 2023, o Pix registrou um aumento de 150% no número de transações comparado ao ano anterior. Essa tendência reflete a busca por maior conveniência e segurança nas transações financeiras.

Realidade Aumentada (AR) e Realidade Virtual (VR)

As tecnologias de realidade aumentada (AR) e realidade virtual (VR) estão começando a ser exploradas no e-commerce brasileiro para melhorar a experiência do usuário. Essas tecnologias permitem que os consumidores visualizem produtos em 3D, façam testes virtuais de roupas e acessórios, e até mesmo visitem lojas virtuais imersivas. Um estudo da Gartner prevê que, até 2025, 70% das empresas globais terão experimentado com essas tecnologias para melhorar a experiência do cliente .

Conclusão

O e-commerce no Brasil está em uma trajetória de crescimento e transformação impulsionada por diversas tendências tecnológicas e mudanças no comportamento do consumidor. O m-commerce, a personalização da experiência do usuário, a integração omnicanal, o social commerce, a sustentabilidade, os pagamentos digitais e as tecnologias de AR e VR são alguns dos principais fatores que moldarão o futuro do setor. Empresas que souberem se adaptar a essas tendências e oferecer uma experiência de compra diferenciada terão maiores chances de sucesso nesse mercado dinâmico e competitivo.

A ICTS, empresa pioneira em soluções de prevenção de riscos, compliance e segurança no Brasil, participa do Next by Apas, evento que ocorre em 15 de agosto, em São Paulo, para auxiliar o setor supermercadista do ponto de vista da inovação e tecnologia. Durante o encontro, a ICTS irá apresentar a Profit Shield, plataforma de prevenção de perdas de estoque desenvolvida com base em mais de 25 anos de atuação neste tema em clientes varejistas.

A atuação bem-sucedida da ICTS no setor é comprovada em diversos projetos no varejo nacional e internacional, com redução entre 20% a 40% das perdas de estoque. Com uma metodologia fortemente ancorada em análise de informações, a ICTS desenvolveu a Profit Shield, que analisa e ataca as perdas de estoque de forma simples e eficiente, com base em dados.

“O varejo perdeu, somente em 2022, aproximadamente R$ 32 bilhões em mercadorias que geraram custo e não viraram receita na frente de caixa, segundo a Abrappe (Associação Brasileira de Prevenção de Perdas). Nossa proposta com a criação de uma plataforma chega no momento certo para atender essa demanda, contribuindo para alavancar negócios que, muitas vezes, não sobrevivem às perdas”, finaliza Rodrigo de Castro Schiavinato, cofundador da Profit Shield, além de ser diretor executivo de parcerias e inovação e sócio da Protiviti, uma das empresas da ICTS.

As soluções DLP – ou Data Loss Prevention – impedem que informações sensíveis ou confidenciais sejam compartilhadas ou vazadas fora da organização. Com elas, é possível monitorar e analisar os dados à medida que são transmitidos ou compartilhados, assim detectando e bloqueando quaisquer dados confidenciais que estejam sendo transmitidos sem autorização.

Os sistemas DLP podem ser implementados de várias maneiras, inclusive por meio de dispositivos de hardware, aplicativos de software ou como um serviço em nuvem. Ou seja, com eles é possível monitorar e proteger dados em vários formatos diferentes, incluindo e-mail, transferências de arquivos, tráfego da Web e mais.

Com o DLP, aumenta a proteção contra violações de dados, acesso não autorizado a informações confidenciais e para cumprir regulamentos e padrões do setor. Por isso, é uma ferramenta importante para ajudar as organizações a proteger seus dados e manter a confidencialidade e integridade das informações.

Entre os vários tipos de prevenção contra perda de dados (DLP) que as organizações podem usar para proteger suas informações sigilosas e confidenciais, destacam-se:

  1. DLP de rede: o DLP de rede monitora o tráfego de rede e o analisa em busca de dados confidenciais. Com isso, ele pode bloquear a transmissão de dados pela rede ou alertar os administradores se dados confidenciais forem detectados.
  2. Endpoint DLP: O Endpoint DLP é instalado em computadores ou dispositivos individuais e monitora os dados à medida que são acessados, transmitidos ou compartilhados. Dessa forma ele pode impedir que dados confidenciais sejam copiados ou compartilhados sem autorização.
  3. Cloud DLP: Cloud DLP é um serviço baseado em nuvem que monitora os dados à medida que são transmitidos de ou para uma plataforma de nuvem, pois pode impedir que dados confidenciais sejam compartilhados ou vazados fora da organização.

Além desses três principais, também existem outros tipos especializados de Data Loss Protection projetados para dados ou ambientes específicos. Um exemplo é o DLP móvel, projetado para proteger dados em dispositivos móveis. Também existe o DLP com reconhecimento de conteúdo, projetado para proteger especificamente contra o compartilhamento acidental ou intencional de conteúdo.

Perda de Dados Internos

A perda de dados internos refere-se ao acesso não autorizado ou compartilhamento de informações sensíveis ou confidenciais dentro de uma organização. Isso pode ocorrer quando um funcionário ou outro membro interno da organização acessa ou compartilha dados confidenciais sem a devida autorização. Além disso, violações de segurança interna ou outros problemas também podem ser a causa das perdas. Problemas técnicos, como senhas fracas, dispositivos inseguros ou práticas de segurança inadequadas, também levam a vazamentos e riscos.

Isso pode ter sérias consequências para as organizações, incluindo perdas financeiras, danos à reputação e possíveis penalidades legais. Por isso, é importante que as organizações tenham fortes controles internos para evitar a perda de dados internos e proteger suas informações confidenciais. Isso pode incluir medidas como treinamento sobre políticas de manipulação de dados, implementação de políticas de senha forte e uso de tecnologias como prevenção contra perda de dados (DLP) para monitorar e proteger dados.

Etapas para implementar o DLP em sua empresa

Algumas etapas para implementar um sistema de prevenção contra perda de dados (DLP) são:

  1. Identifique e classifique dados confidenciais: a primeira etapa na implementação do DLP é identificar e classificar os dados confidenciais que precisam ser protegidos. Isso pode incluir dados financeiros, informações pessoais, propriedade intelectual e outros tipos de informações confidenciais. É importante entender onde esses dados estão localizados, como estão sendo usados e quem tem acesso a eles.
  2. Determine o escopo da implementação do DLP: a próxima etapa é determinar o escopo da implementação do DLP. Isso inclui decidir quais sistemas, redes e armazenamentos de dados precisam ser cobertos pelo sistema DLP, bem como quais tipos de dados precisam ser monitorados e protegidos.
  3. Escolha uma solução DLP: existem muitas soluções diferentes disponíveis, incluindo dispositivos de hardware, aplicativos de software e serviços baseados em nuvem. É importante escolher uma solução adequada às necessidades e ao orçamento da organização.
  4. Configure o sistema DLP: uma vez escolhida uma solução, ela precisa ser configurada para atender às necessidades específicas da organização. Isso pode incluir a configuração de políticas e regras para monitorar e bloquear dados, bem como configurar alertas e notificações para quando dados confidenciais forem detectados.
  5. Teste e ajuste o sistema DLP: antes de implantar o sistema em toda a organização, é importante testá-lo e ajustá-lo para garantir que esteja funcionando corretamente e protegendo dados confidenciais com eficiência. Isso pode envolver a execução de testes-piloto, o monitoramento do desempenho do sistema e a realização de quaisquer ajustes necessários.
  6. Implemente e monitore o sistema DLP: uma vez que o sistema foi testado e ajustado, ele pode ser distribuído para o resto da organização. É importante monitorar o sistema regularmente para garantir que esteja funcionando corretamente e para fazer os ajustes necessários conforme necessário.

A implementação de um sistema DLP requer um planejamento cuidadoso e atenção aos detalhes, mas é uma maneira eficaz de as organizações protegerem informações sigilosas e confidenciais.

Serviços gerenciados de segurança: vantagens de terceirizar o DLP

Há vários benefícios em usar serviços de segurança gerenciados (MSS) para executar sistemas de prevenção contra perda de dados:

  1. Especialização: os provedores de MSS geralmente têm uma equipe de especialistas em segurança treinados e experientes na implementação e gerenciamento de sistemas DLP. Isso pode ajudar a garantir que o sistema DLP seja instalado e configurado corretamente e que esteja sendo usado de forma eficaz para proteger os dados da organização.
  2. Custo-benefício: usar MSS para executar DLP pode ser mais econômico do que contratar pessoal interno ou construir e manter um sistema por conta própria. Os provedores de MSS geralmente oferecem vários planos de preços e podem ajudar as organizações a escolher o plano certo para suas necessidades e orçamento.
  3. Escalabilidade: os provedores de MSS normalmente podem dimensionar seus serviços para atender às necessidades de organizações de qualquer tamanho. Isso é importante porque as necessidades de DLP podem mudar ao longo do tempo à medida que uma organização cresce ou muda.
  4. Tecnologia atualizada: os provedores de MSS geralmente têm acesso às tecnologias mais recentes e podem ajudar as organizações a se manterem atualizadas com novos desenvolvimentos e práticas recomendadas.
  5. Monitoramento contínuo: os provedores de MSS podem fornecer monitoramento contínuo de sistemas para garantir que estejam funcionando corretamente e protegendo os dados da organização. Isso pode ajudar a identificar e resolver quaisquer problemas ou vulnerabilidades em tempo hábil.

O uso do MSS pode ajudar as organizações a aproveitar os benefícios do DLP sem precisar investir para gerenciar o sistema internamente. Isso também ajudar organizações a utilizarem os sistemas DLP corretamente e protejam informações sigilosas e confidenciais.

O desperdício e as fraudes na saúde são doenças crônicas do sistema, que precisam ser endereçadas e prevenidas.

por Pedro Barra*

A higidez é um estado buscado pela maior parte das pessoas, em especial após passarmos por uma pandemia com requintes de estafa mental. E os avanços da saúde a cada dia incrementam as opções de cuidados. Mas equilibrar um sistema de saúde é uma tarefa bastante complexa, seja ele público ou suplementar.

Vamos aprofundar um pouco no suplementar, começando pelo desperdício, que é uma doença crônica do sistema de saúde. A chave para combatê-lo é a promoção de mudanças nos modelos de remuneração, eliminando o conflito de interesses existente no pagamento por produção, cujos médicos, hospitais e laboratórios recebem de acordo com a quantidade de exames, consultas e procedimentos realizados. Tal método pode ser substituído por meio da implantação de modelos de remuneração baseados em valor, que tragam o paciente para o centro e tornem a saúde – e não a doença – o foco dos elos da cadeia de cuidado.

Para colocar tudo isso em prática é necessária uma boa definição das métricas de sucesso que permitam monitorar a relação entre a qualidade e o custo do desfecho clínico. Ou seja, as escolhas de linhas de cuidado devem influenciar as métricas de sucesso, que, por sua vez, devem influenciar a remuneração. Sendo que a escolha, por exemplo, de um tratamento menos invasivo, menos custoso e que traga um bom desfecho clínico deve refletir uma remuneração igual ou melhor para as equipes a cargo do cuidado. Pode parecer óbvio, mas isso representa uma ruptura do modelo atual, que pode ser atingida por meio do uso de tecnologias já disponíveis e acessíveis, como Inteligência Artificial e Big Data, além da humanização do atendimento, e, principalmente, da disposição das fontes pagadoras e dos grandes hospitais em promover estas mudanças, ajustando os indicadores e modelos ao longo da jornada.

Outra doença grave que afeta o sistema são as fraudes na saúde. Beneficiários fantasmas, prestadores de serviço de fachada e recibos falsos compõem a lista dos principais atalhos usados pelos criminosos. E eles correspondem a dezenas de milhões de reais, comprometendo a sustentabilidade do sistema, uma vez que impactam a sinistralidade dos planos, que acabam tendo seus preços reajustados para os usuários genuinamente interessados em sua saúde.

Para combater os esquemas de fraude na saúde são necessários mecanismos diferentes dos utilizados no combate aos desperdícios. Os princípios básicos de gerenciamento de risco de fraude precisam ser aplicados, em especial, pelas fontes pagadoras. Definir a governança antifraude, realizar e atualizar frequentemente o mapeamento de riscos, definir e implantar atividades e ferramentas de controle, estabelecer fluxos de informação e comunicação e promover o monitoramento contínuo de atividades são os pilares essenciais.

E aqui o uso de tecnologia também se faz necessário para a aceleração de mecanismos antifraude. Plataformas de diligência e onboarding de beneficiários, análise do padrão de uso em tempo real e biometria comportamental são todas possibilidades plenamente viáveis.

Os “vírus” do sistema de saúde desenvolvem-se a cada dia. Por isso, trabalhar na construção e promoção do “antivírus” em busca da sustentabilidade do setor é urgente.

*Pedro Barra é gerente sênior de performance empresarial da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.

Fonte: Fraudes na saúde: do desperdício ao crime organizado – HOSPITAIS BRASIL

A prevenção de perdas é um assunto estratégico para o setor varejista, pois o tema impacta diretamente a rentabilidade e o capital de giro das empresas. Pesquisa recente divulgada pela ABRAPPE (Associação Brasileira de Prevenção de Perdas) aponta que o varejo brasileiro perdeu em 2020 aproximadamente R$ 23,26 Bilhões, ou 1,38% do faturamento. Se anteriormente havia espaço para grandes reduções de perdas de estoque por meio de altos investimentos, agora o cenário é mais complexo, com perdas mais enxutas, causas mais complexas e menos disposição para investimentos robustos.

Reduzir perdas atualmente significa alterar a atuação em todas as camadas de negócio da companhia, substituindo a cultura da literal venda a qualquer custo pela venda eficiente, com rentabilidade. Todas as áreas operacionais da empresa passaram a se comprometer com o índice de perdas, sendo mensuradas e cobradas por isto. Se antes a prevenção de perdas tinha autonomia para buscar tecnologias que ficavam apenas sob seu guarda-chuva de atuação, agora deve buscar parceiros internos para trazer soluções mais complexas ao negócio.

Um dos exemplos é o monitoramento da cadeia de refrigeração das operações. Atualmente grande parte dos sistemas de monitoramento são focados na casa de máquinas, objetivando garantir a correta pressurização dos condensadores e evitar danos sistêmicos. Porém, grande parte do problema de quebra identificada ocorre por perda de temperatura em equipamentos específicos, decorrente às vezes de questões operacionais como a obstrução da saída de ar por mal acondicionamento ou de um erro na configuração do degelo do equipamento.

Atualmente existe uma solução simples e barata com o uso de dispositivos de IOT (Internet das Coisas) que permite o monitoramento individual das temperaturas dos equipamentos e alerta imediato em casos de desvios, o que permite a tomada de decisão antes da quebra acontecer. A tecnologia também permite otimizar ciclos de degelo dos equipamentos e reduzir sensivelmente o gasto de energia na cadeia de frios das lojas, que responde por aproximadamente 60% dos custos totais nessa conta.

Ademais, automatiza o relatório de monitoramento de temperatura de equipamentos que deve ser feito pela operação por determinação da Anvisa. Logo, é uma solução que atende o time de manutenção, prevenção de perdas e segurança alimentar.

Outra tecnologia é o uso de big data e inteligência artificial para identificar comportamentos de perda e quebra na vasta quantidade de dados gerada pelos varejistas. Existe hoje plataforma dedicada à gestão das perdas que captura insights poderosos por meio da análise de grandes massas de dados e gerencia as atividades de redução de perdas por meio do envio automático de notificações e planos de ação para toda a cadeia envolvida no processo. A solução informa, por exemplo, itens que podem estar com excesso de pedido, sortimento inadequado, apostas promocionais e outros temas que estão fora da alçada da prevenção de perdas.

Esta tecnologia enobrece a função dos analistas de dados que atualmente gastam grande parte do tempo extraindo e tratando dados e pouquíssimo tempo analisando as informações e gerando conhecimentos para o ataque às perdas.

A digitalização de atividades de prevenção de perdas gera grandes resultados nas ações de redução de perdas estoque.

Para se ter uma ideia, há varejistas que executam mais de 30 processos de forma manual e em papel nas lojas, tais como abertura e fechamento de loja, controles na frente de caixa, reportes de incidente, controle de entrada e saída de veículos nas docas, dentre outros. Os processos são registrados em papel o que impede a análise dos dados gerados e dificulta a padronização. A digitalização dos processos de prevenção de perdas reduz custos de operação e dá muito mais visibilidade às atividades realizadas.

A pesquisa da ABRAPPE aponta que a prevenção de perdas ainda prioriza tecnologias tradicionais como câmeras de vigilância, alarmes, antenas e proteção de mercadorias. Porém, as soluções acima já começam a aparecer na lista dos recursos utilizados. É o momento das estruturas de prevenção de perdas se reinventarem e buscarem novas formas de atuação.

* Rodrigo Castro é diretor executivo da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados, e co-fundador da Profit Shield.

Recente pesquisa da ABRAPPE e ABRAS apontou que as perdas de estoque no varejo brasileiro representam 1,33% do faturamento bruto, o que representa aproximadamente R$ 23,26 bilhões a menos na rentabilidade das empresas. Este índice reflete os dados de perda de estoque, que podem ser divididos entre quebras operacionais e perda desconhecida. A rebaixa de preço e os descontos em caixa também devem ser considerados nessa discussão.

As quebras operacionais representam aproximadamente 30% do total das quebras, enquanto os outros 70% são as perdas desconhecidas, estratificadas em algumas causas hipotéticas, já que o resultado decorre de diferença de inventário, onde não se tem a precisão da causa. Porém, há um outro indicador importante que deve ser monitorado e tratado pelas estruturas de prevenção de perdas e que não aparece nas pesquisas. As rebaixas de preço e descontos em caixa.

Rebaixas de preço e descontos na frente de caixa são ferramentas utilizadas pelo varejista, em resumo, para gerar maior atração e demanda para itens por meio da redução dos preços. Existem uma série de motivos que podem disparar a rebaixa dos preços e, dentre elas, a alta quebra operacional de alguns produtos. Se um item apresenta alta quebra operacional, um dos motivos pode ser o descompasso entre a oferta e demanda. Ou seja, produto parado estraga, é jogado fora e, para evitar, aplica-se desconto no produto para forçar a venda.

Logo, em um ambiente pressionado por redução de perdas de estoque, pode ser que a rebaixa de preço seja excessivamente utilizada, transferindo a perda de margem do custo para a receita. Afinal, as perdas de estoque sensibilizam o custo da mercadoria vendida, enquanto a rebaixa de preço sensibiliza a receita. Porém, ambos impactam a margem final.

Em um projeto de prevenção de perdas para um grande varejista alimentar, a estratégia de atuação foi atacar a perda de forma estendida. Ou seja, avaliar as quebras operacionais e as perdas de margem. O resultado foi uma redução de 30% nas quebras operacionais e redução de aproximadamente R$ 8 Milhões em rebaixas de preços de perecíveis. Isto ocorreu porque o foco passou a ser a causa raiz das quebras operacionais, que eram geralmente os pedidos em excesso, os pedidos promocionais forçados e os itens inadequados para o sortimento das lojas.

Ao conectar as estruturas de prevenção de perdas, comercial e reabastecimento com indicadores que se conversavam, houve uma junção de forças para que o foco passasse a ser a rentabilidade da organização e não só a redução das perdas de estoque. O projeto de prevenção de perdas foi um dos maiores alavancadores de resultado desse varejista, que saiu do prejuízo ao lucro em um ano.

Logo, as perdas de estoque devem sempre ser avaliadas em um contexto amplo e de geração efetiva de valor para a organização, refletida principalmente em aumento da rentabilidade da empresa. A prevenção de perdas de estoque neste cenário, é uma poderosa aliada na transformação organizacional de empresas que buscam maior eficiência e valor, pois os resultados são rápidos e grande parte das ações dependem de esforços e ajustes internos da cadeia de abastecimento e venda.

* Rodrigo Castro é diretor executivo da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados, e co-fundador da Profit Shield.

As perdas de estoque são altamente impactantes no setor varejista. Pesquisas nacionais traçam valores de perda na casa das dezenas de bilhões de Reais no varejo brasileiro. Em muitos casos, as perdas podem ser equivalentes ao lucro do negócio. E sim, há casos onde a perda determina se a empresa está no vermelho ou no azul. A prevenção de perdas no varejo é indispensável.

Apesar disso, este tema é pouco atrativo e altamente espinhoso, pois apesar de afetar diretamente a rentabilidade das organizações, ele é considerado um efeito colateral da atividade e, em muitos casos, sem uma causa definida e um dono. Em outros casos, é colocado em segundo plano em face do foco no crescimento da receita. Ou seja, vender a qualquer custo. Porém, em momentos de pandemia em que o cenário impõe uma contração forçada da demanda e da operação, preservar caixa e rentabilidade passa a ser questão de sobrevivência. E neste cenário, a prevenção de perdas é uma ferramenta poderosa, tanto pela velocidade quanto pelo volume de resultado que pode ser atingido.

No varejo alimentar e farmacêutico, aproximadamente 65% a 70% das perdas são decorrentes de vencimento, avaria e perda das características de consumo dos produtos. Ou seja, são itens comprados e jogados fora antes de passar pela frente de caixa. Desperdício, em outras palavras. Como foi dito acima, as causas são inúmeras e, por isso, a responsabilidade é de difícil atribuição. Pode ser excesso de abastecimento, sortimento inadequado, precificação incorreta, compra mal realizada, armazenagem e exposição inapropriada e outras causas dispersas em várias áreas de negócio. Logo, para tratar esta linha de perdas de forma rápida e assertiva, é fundamental haver o trabalho conjunto das áreas com o foco na redução das perdas. E para isto, 3 desafios precisam ser superados:

Patrocínio genuíno da alta direção

Em resumo, as perdas devem ser pauta da presidência e da diretoria executiva. E o tema deve ser tratado com energia e foco. Os executivos devem ser os removedores de barreira, fomentando o trabalho em grupo. Devem quebrar os silos e os interesses individuais e buscar com que todos colaborem entre si.

Foco em reduzir as perdas no varejo e não explicar o passado

Depois disso, vem o segundo desafio. Focar nas ações para a redução das perdas. Para isto, é fundamental ter recursos com alto domínio do assunto e conhecimento do negócio. Isto por que as discussões geralmente tomam um caráter de justificação dos problemas, com a batata quente sendo jogada de colo em colo e as áreas pedindo dados complementares e análises adicionais em uma espiral sem fim. Este modelo mental engessa a organização e não gera resultado nenhum. Hipóteses têm que ser traçadas e ações executadas rapidamente. Logo, a média gerência deve ter a capacidade de estruturar ações táticas sob comando de uma área de prevenção de perdas capaz de direcionar os caminhos a serem tomados.

Executar e agir para a prevenção de perdas no varejo

Por último e tão importante quanto os pontos acima, está a capacidade de executar as ações planejadas. Esta é a parte difícil, pois não basta apenas dizer que foi feito, mas fazer bem feito. Prevenir perdas exige capacidade de execução e, em muitos casos, agir contra interesses de curto-prazo. Reduzir compras, reavaliar sortimento, redimensionar a exposição e o planograma, negociar caixas menores com os fornecedores são temas colocados em pauta e que vão de encontro à mentalidade de muitas áreas. Mas são ações que devem ser tomadas para preservar a rentabilidade do negócio em um cenário como estamos passando.

Em um dos nossos clientes de varejo, conseguimos estruturar rapidamente um grupo multidisciplinar, com forte patrocínio da presidência e conselho, buscando uma redução agressiva das perdas objetivando aumentar a rentabilidade da organização no cenário de pandemia. Em 3 meses de projeto, conseguimos uma redução de milhões de Reais em perdas, com incremento direto na margem líquida. Isso deu um fôlego para esta organização se manter, preservou empregos e o valor do negócio. Logo, reduzir perdas é um mecanismo eficaz e comprovado para a sua organização varejista buscar ótimos resultados.

* Rodrigo Castro é diretor executivo da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados, e cofundador da Profit Shield.

Prevenir perdas de estoque não é uma ciência exata. O problema é complexo, multidisciplinar e exige um esforço conjunto de várias áreas da empresa. Afinal de contas, um problema de R$ 6,7 bilhões, que foi o total de perdas estimada pelo estudo de prevenção de perdas da ABRAS para o ano de 2018, não é pequeno. Além disso, a perda não é um problema que se resolve e ponto final. Trata-se de uma doença crônica, como se diz no jargão da medicina.

Ou seja, é algo que persiste dentro da empresa e precisa ser constantemente remediado para se manter em níveis aceitáveis para não matar o paciente. Para problemas complexos, não se pode dar soluções simples. O tratamento leva tempo e precisa ser atacado em diversas frentes em conjunto. Isto quer dizer que não se pode fazer uma ação e deixar outra de lado. Elas precisam atuar em conjunto para remediar o problema. Abaixo, listo oito ações que são efetivas em reduzir perdas de estoque nas empresas, quando realizadas em conjunto:

1. Tenha controle sobre a apuração dos números

Tudo começa por um número de perdas que seja confiável e claro. E para isto ocorrer, o lançamento das perdas identificadas, como avaria e vencimento, precisa ser realizado sistematicamente na operação. Se o setor de FLV (frutas, legumes e verduras) num supermercado perde 90% dos itens por maturação e vencimento, não se pode permitir pontos de venda com 50% de registro ou menos. Afinal, ninguém entra no varejista para roubar berinjelas. Para medir as perdas desconhecidas, um inventário bem realizado e com periodicidade adequada é fundamental. Economizar com execução de inventário significa ter perdas altas, pois rastrear uma alta perda com inventários anuais é praticamente impossível. Para produtos de alto risco de perda, prefira os inventários rotativos.

2. Incentive todas as áreas de negócio a reduzir as perdas

Estruturas de prevenção de perdas não conseguem resolver as perdas de estoque sozinhas. Inclusive se os indicadores de performance das outras áreas jogarem contra. Neste caso, a tarefa passa a ser sacrificante. Se a margem da área comercial, por exemplo, considerar apenas a receita menos o custo da mercadoria vendida, as perdas ficam em última prioridade. Afinal de contas, não importa quanto produto eu joguei fora para gerar a margem. O que importa é apenas o quanto se lucrou com os produtos vendidos. Na logística, o mesmo princípio também pode ser aplicado. Se o foco for especificamente na produtividade, incentiva-se a agilidade e não a precisão da entrega. Ou seja, se a loja pede 10 caixas de iogurte sabor morango, mas recebe 10 caixas de iogurte sabor ameixa, a equipe de logística está feliz. Mas as perdas vão aparecer mais a frente. Ou seja, o comercial deve ter visibilidade das perdas sobre o seu resultado e a logística precisa mensurar e avaliar os erros de entrega e assim por diante, em todos os elos do negócio.

3. Divulgue as perdas de estoque em todas as hierarquias do negócio

As perdas não são assunto só de executivos, ou só da operação, ou só da prevenção de perdas. Como dito, prevenir perdas é tarefa multidisciplinar. E, para isto, todos precisam entender e conhecer o problema dentro do seu espectro de atuação. A operação precisa conhecer o número em toda a estrutura hierárquica. Dos diretores, passando pelos gerentes distritais, gerentes regionais, até o responsável pelo ponto de venda, todos devem ter acesso constante ao seu resultado de perda. E este resultado deve ser compreensível para todos os públicos e é preciso que seja apurado também pela estrutura mercadológica, ou seja, por departamento, setor, categoria etc. Por último, distinguir as perdas desconhecidas (furtos, desvios) das perdas identificadas (avarias e vencimentos) é fundamental, porque são problemas distintos com soluções distintas de ataque. No final, a matriz com as perdas por estrutura operacional e mercadológica, segregada entre perdas identificadas e desconhecidas, é uma ferramenta elucidadora para identificar cirurgicamente o problema das perdas de estoque.

4. Estabeleça a governança das perdas de estoque

Não adianta ter números e dados exatos se o problema não for atacado e monitorado. Para isto, é importante ter fóruns dedicados para se falar do tema. Comitês de perdas com as principais áreas de negócio, fóruns regionais, pautas nas lojas, tudo isto é importante para gerar movimento no tratamento das perdas. Uma ferramenta que funciona muito bem são as áudio-conferências com todas as lojas, partindo das estruturas corporativas. Esse mecanismo simples estabelece um comprometimento alto nos pontos de venda porque mostram comprometimento e engajamento da empresa em lidar com o tema. Além disso, aproximam a sede das lojas, que às vezes nem conhece os executivos que conduzem a empresa.

5. Analise menos e faça mais

Prevenção de perdas não é uma ciência exata. O ataque é sim baseado em números e dados, mas ao final, algumas hipóteses devem ser traçadas e atacadas. Muitas empresas focam em estressar os números e buscar a precisão de onde exatamente as perdas aconteceram. Ou seja, se o inventário aponta a perda relevante de protetor solar, o executivo decide direcionar a energia da equipe em buscar a resposta de onde exatamente esta mercadoria sumiu, ao invés de atacar as possíveis causas para que o problema não ocorra mais. Isso pode ser extremamente improdutivo e desgastante, pois gera desmotivação e paralisia. Afinal, não se precisa ter todas as respostas para se traçar algumas hipóteses e atacá-las.

6. Empodere e apodere as lojas

Em todas as redes varejistas com alto volume de lojas, haverá pontos de venda com bons e maus resultados. Existem sim fatores exógenos à loja que contribuem para a perda. Mas a gestão da loja é determinante para bons resultados. Afinal, se uma loja apresenta 1% de perda e a outra 5%, mas ambas têm o mesmo processo logístico, a mesma estrutura e os mesmos executivos, é bem provável que as causas estejam na loja. Portanto, o líder da loja deve ter os mecanismos para comunicar e atuar em prol da redução de perdas do seu ponto de venda, enquanto cabe às estruturas corporativas ouvir a operação e tomar as ações para reduzir as perdas.

7. Comemore bons resultados e compartilhe os ganhos

Mecanismos de incentivo são eficientes em reduzir as perdas, mas devem ser usados com cautela. Resultados individuais não podem ser recompensados se o coletivo não for atingido. Além disso, não se pode premiar resultados de curto prazo. A conta pode chegar depois e a premiação pode ser injusta.
Além disso, não se pode exagerar nos prêmios. As perdas são altas e a redução traz sim altos ganhos para as empresas. Mas a ação sobre este tema não pode ser incentivada exclusivamente por retornos financeiros. Uma alternativa interessante para minimizar prêmios financeiros é usar a gameficação das perdas e criar uma disputa saudável entre lojas, por exemplo, para atingir os resultados.

8. Inove na prevenção de perdas de estoque

Não dá para prevenir perdas utilizando técnicas que são literalmente do século passado. Afinal de contas, a prevenção de perdas veio ao Brasil em meados dos 90 e muitas áreas trabalham do mesmo jeito até hoje. Inovação em prevenção de perdas vai além de equipamentos de segurança. Existem novas formas de avaliar as perdas com machine learning, controlar equipamentos e equipes de campo com IOT (Internet das Coisas), realizar processos e controles em aplicativos, dentre outras novidades.

Estas oito dicas aplicadas em um programa de redução de perdas de estoque, com certeza, trarão resultados efetivos para o aumento da rentabilidade do negócio. Mas o caminho não é rápido, muito menos simples. Assim como as doenças crônicas, o tratamento leva tempo e não pode ser abandonado nunca.

* Rodrigo Castro é diretor executivo da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.

Redução de perdas é um tema recorrente nos setores cujo uso de estoque é intensivo. Este é o caso de indústrias de bens de consumo, alimentos e têxtil, varejo e comércio eletrônico. Os dados comprovam a necessidade de prestar atenção a essa questão, recentemente a consultoria global Planet Retail RNG divulgou uma pesquisa, a qual revelou que as perdas entre os varejistas giram em torno de 1,99% do faturamento. Estudo semelhante realizado anualmente pelo Labfin/Provar, da Fundação Instituto de Administração (FIA), apontou número semelhante, de 1,96%, em 2017.

O mais preocupante é que em setores, como por exemplo o varejo alimentar, nos quais as margens são apertadas, a perda pode ser proporcionalmente igual ao lucro líquido do negócio, por isso, é comum que as empresas mantenham áreas dedicadas a resolver este problema. Ocorre que, contrário ao que pensa o senso comum, furtos e roubos, apesar de representativos, não são as principais causas das perdas em estoque. Os grandes vilões são vencimento e a avaria em produtos, que, somente no setor supermercadista, são responsáveis por 75% das perdas totais. No setor farmacêutico este índice chega a 60%.

Vale questionar as razões da recorrência de vencimento e deterioração de produtos. A partir de experiência em projetos com foco em resolver a questão da redução de perdas em estoque, em diferentes empresas e setores, observamos que as principais causas são: (I) Má organização dos estoques e não cumprimento do PVPS (Primeiro a Vencer é o Primeiro a Sair); (II) Compras acima da demanda para aproveitar descontos na aquisição de grandes volumes; (III) Algoritmos de reabastecimento e lot sizing obsoletos.

No primeiro caso, o realinhamento dos processos internos e a capacitação da equipe mitigam o problema. Quanto às compras acima da demanda, o varejo passou a adotar a negociação de reembolso das perdas de avaria e vencimento junto aos fornecedores, por meio de ressarcimento financeiro, o que abate os resultados negativos. Já o terceiro item, é um problema estrutural e, atualmente, pode ser resolvido com as tecnologias disruptivas, como o Machine Learning.

No cenário atual, os algoritmos de reabastecimento e lot sizing dos varejistas geralmente vêm embarcados dentro dos sistemas de gestão, conhecidos como ERPs, como um módulo do sistema. Por não ser a principal especialização dos desenvolvedores de sistemas de gestão, as soluções geralmente são alicerçadas em alguns modelos estatísticos simplificados que são utilizados para uma infinidade de itens. Modelos simplificados que consideram poucas variáveis, geram sugestões de reabastecimento com baixa precisão, o que pode levar ao excesso de estoque – causa das avarias e vencimentos ou falta de estoque – causadora da ruptura de vendas.

Para calcular o tamanho desse problema, suponha um varejista com 200 lojas e 10.000 tipos de produtos. Cada produto possui um comportamento distinto de venda por loja. Logo, temos 2 milhões de comportamentos distintos que deveriam ser tratados. Se este varejista tiver, na melhor das hipóteses, 100 modelos de reabastecimento e for aplica-los ao seu ambiente, seriam 200 milhões de testes. Na prática, a solução adotada é agregar os comportamentos, reduzir as variáveis analisadas e, por consequência, reabastecer mal os pontos de venda, gerando perdas e rupturas.

Modelos de inteligência artificial aplicados ao reabastecimento permitem que cada produto, de cada loja tenha uma análise única e customizada, baseada em variáveis endógenas e exógenas, gerando uma previsão de abastecimento singular e muito mais alinhada à realidade. Uma solução de Machine Learning apresentada pela Protiviti, em parceria com a empresa TEVEC conseguiu reduzir 15% do estoque de um varejista, trazendo redução de 20% das perdas por vencimento e 30% das rupturas. Estes números podem representar a diferença entre a perda e a lucratividade do negócio.

Os números mostram que esta solução está sendo implementada com grande sucesso e que gera diferencial competitivo para o varejista, em relação a seus concorrentes, a partir de melhor gestão de perdas, rupturas e controle no volume de estoque. Porém, como toda a nova tecnologia, gera incertezas e desconfianças. Confiar na inteligência das máquinas ainda traz desconforto. A análise mais efetiva das técnicas, metodologias e tecnologias a utilizar deve considerar os resultados, afinal, os números falam por si só.

* Rodrigo Castro é diretor executivo da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.