O que executivos precisam saber sobre a Lei de IA da Europa
O que líderes e executivos precisam saber sobre a AI Act da União Europeia
Compartilhe:
Assine nossa newsletter

Fique por dentro das melhores notícias, eventos e lançamentos do mercado




    O que líderes e executivos precisam saber sobre a AI Act da União Europeia

    Publicado em: 24 de outubro de 2024

    Por André Cilurzo

    A nova lei exige que os sistemas de IA sejam transparentes, explicáveis e compreensíveis.

    A Lei de IA da UE é a primeira regulamentação da União Europeia que estabelece um quadro regulatório e legal comum para a IA (Inteligência Artificial). Ela foi adotada em março de 2024 e será totalmente aplicável em 24 meses, entrando em vigor gradualmente até lá.

    Mas quais medidas as empresas devem tomar para se adequar à nova regulamentação?

    Primeiramente, vamos analisar por que a Lei é inovadora. Globalmente, este é o primeiro quadro regulatório a abordar o desenvolvimento, implantação e uso de IA em diversos setores. Ele utiliza uma abordagem baseada em risco para o acesso aos sistemas de IA, de modo que os requisitos de conformidade são ajustados de acordo com o impacto potencial na segurança e nos direitos fundamentais. A Lei exige que os sistemas de IA sejam transparentes, explicáveis e compreensíveis, responsabilizando as organizações que os desenvolvem pelos resultados.

    Com o tempo, muitos acreditam que essa regulamentação irá fortalecer a confiança do público nos sistemas de IA.

    Comparação de Regulamentações na UE, EUA e Reino Unido

    Ao comparar a Lei de IA da UE com as abordagens adotadas nos EUA e no Reino Unido, há diferenças claras.

    Nos EUA, a regulamentação é fragmentada, com diretrizes específicas para alguns setores, mas sem uma regulamentação federal abrangente sobre IA, como ocorre na UE. Os EUA desenvolveram estruturas e padrões por meio do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST), mas estes são não vinculantes. Dessa forma, há uma maior dependência da autorregulação da indústria para desenvolver uma IA ética.

    A abordagem do Reino Unido é semelhante à dos EUA, com estruturas e princípios não vinculantes para o desenvolvimento de IA ética, em vez de regulamentação formal. Diante disso, a Lei de IA da UE poderia servir como um modelo para que outros países ou jurisdições desenvolvam suas abordagens/estruturas de regulamentação, dada a abordagem abrangente e estruturada da Lei.

    À medida que a prevalência da IA continua a crescer, é provável que a regulamentação também evolua. Estabelecer diretrizes para que as organizações desenvolvam IA de maneira segura ajudará a aumentar a confiança do público, a adoção e a inovação, de modo que a regulamentação deve ser vista como algo positivo e como um caminho para fomentar a inovação.

    O que as organizações podem fazer para se preparar para a Lei de IA da UE?

    Primeiramente, as organizações devem avaliar onde estão adotando IA e realizar uma avaliação de riscos em conformidade com os níveis de risco previstos na Lei de IA da UE. Isso ajudará a medir os impactos futuros de forma antecipada e ajustar o desenvolvimento conforme necessário.

    Em segundo lugar, elas devem garantir a responsabilidade em nível executivo e em toda a organização sobre os casos de uso que estão sendo desenvolvidos e o propósito de cada um, verificando se o desenvolvimento do sistema e os conjuntos de dados usados para treinamento estão alinhados a esse propósito.

    Terceiro, à medida que os sistemas de IA forem criados, a equipe de desenvolvimento deve garantir que os algoritmos sejam bem documentados, de modo que sejam explicáveis e transparentes.

    Devem também garantir que os conjuntos de dados utilizados no desenvolvimento dos algoritmos sejam adequados ao propósito, que os dados sejam justos e que quaisquer resultados dos sistemas de IA respeitem os direitos fundamentais.

    Uma vez desenvolvido, o sistema de IA precisará ser monitorado regularmente para garantir que não surjam novos riscos ou problemas. Além disso, as organizações devem investir em treinamento sobre alfabetização em dados e IA para que todos os colaboradores compreendam os riscos éticos ou problemas relacionados.

    Por fim, as organizações devem interagir com seus reguladores, colaborando em fóruns e grupos de trabalho, ajudando a moldar iniciativas nesse campo. Isso ajudará tanto as organizações quanto os reguladores a se prepararem para o futuro.


    E no Brasil? Expectativas sobre o Marco Legal da IA

    “No Brasil, o Marco Legal da Inteligência Artificial está sendo discutido no Congresso Nacional, com a intenção de criar um sistema regulatório que aborde o uso da IA em diferentes setores da economia. Inspirado em modelos internacionais, como o da União Europeia, o texto preliminar do projeto de lei – PL 2338/2023, regular potenciais impactos sobre a segurança e os direitos fundamentais. O projeto prevê a criação de uma autoridade competente para monitorar e regular a implementação da IA (potencialmente a ANPD), e a expectativa é que possa criar diretrizes mais claras para o desenvolvimento responsável da IA no Brasil, contribuindo para o avanço tecnológico com segurança jurídica e proteção de direitos e dados pessoais.” André Cilurzo – Diretor Executivo de Technology Risk Consulting na Protiviti Brasil.

    Conteúdo original de Michelle Moody, Managing Director de Data & Analytics da Protiviti Inc., traduzido e adaptado por André Cilurzo. Originalmente publicado em AI Business.

    André Cilurzo

    André Bottecchia Cilurzo é formado em Administração pela EAESP-FGV, com pós-graduação em Business Economics pela EESP-FGV. Desde 2002 na Protiviti, atualmente lidera as soluções de Data Privacy e atendimento à LGPD. Anteriormente, também na ICTS, trabalhou no desenvolvimento de soluções para segurança de informações e prevenção a riscos, perdas e fraudes.

    Compartilhe:

    Publicações relacionadas

    Shadow AI Risk, o risco comprado sem se perceber

    10 de junho de 2025

    IA e seu contexto no Brasil O uso amplo e abrangente de ferramentas e assistentes de Inteligência Artificial (IA) Generativa, em especial na forma de chats, pode ser considerado uma das maiores revoluções tecnológicas da história. Existe grande potencial para mudanças nas atividades diárias dos usuários e nas relações com o trabalho. Enquanto discussões sobre […]

    Leia mais

    ICTS adquire operações da P&B Compliance e se consolida como líder nacional em compliance e investigações corporativas

    22 de maio de 2025

    Movimento reforça atuação conjunta em governança, riscos, compliance e privacidade de dados, com reforço na senioridade dos seus profissionais,  ampliação da presença regional e fortalecimento do portfólio de soluções São Paulo, 22 de maio de 2025 – A Protiviti, consultoria global especializada em riscos, ESG, cibersegurança, auditoria interna e investigações corporativas, firma-membro no país liderada […]

    Leia mais

    “Life Finds a Way”… e os usuários também

    9 de maio de 2025

    Em Jurassic Park, o Dr. Ian Malcolm, interpretado por Jeff Goldblum, solta uma das frases mais icônicas do cinema: “life finds a way”, “a vida encontra um meio”, em Português. A fala surge após a descoberta de que os dinossauros – programados para serem estéreis – estavam, de alguma forma, se reproduzindo. Ou seja: mesmo com todas as […]

    Leia mais

    5 razões para TI apoiar o uso de Alteryx

    25 de abril de 2025

    Nos últimos anos, a pressão sobre as áreas de TI aumentou consideravelmente. De um lado, a demanda por segurança, compliance e governança de dados. Do outro, a crescente urgência das áreas de negócio por autonomia e agilidade analítica. É nesse cenário que o Alteryx surge como um aliado estratégico – e não como uma ameaça. […]

    Leia mais