Rebaixas de preço e descontos na frente de caixa são ferramentas utilizadas pelo varejista, em resumo, para gerar maior atração e demanda para itens por meio da redução dos preços. Existem uma série de motivos que podem disparar a rebaixa dos preços e, dentre elas, a alta quebra operacional de alguns produtos. Se um item apresenta alta quebra operacional, um dos motivos pode ser o descompasso entre a oferta e demanda.
Recente pesquisa da ABRAPPE e ABRAS apontou que as perdas de estoque no varejo brasileiro representam 1,33% do faturamento bruto, o que representa aproximadamente R$ 23,26 bilhões a menos na rentabilidade das empresas. Este índice reflete os dados de perda de estoque, que podem ser divididos entre quebras operacionais e perda desconhecida. A rebaixa de preço e os descontos em caixa também devem ser considerados nessa discussão.
As quebras operacionais representam aproximadamente 30% do total das quebras, enquanto os outros 70% são as perdas desconhecidas, estratificadas em algumas causas hipotéticas, já que o resultado decorre de diferença de inventário, onde não se tem a precisão da causa. Porém, há um outro indicador importante que deve ser monitorado e tratado pelas estruturas de prevenção de perdas e que não aparece nas pesquisas. As rebaixas de preço e descontos em caixa.
Rebaixas de preço e descontos na frente de caixa são ferramentas utilizadas pelo varejista, em resumo, para gerar maior atração e demanda para itens por meio da redução dos preços. Existem uma série de motivos que podem disparar a rebaixa dos preços e, dentre elas, a alta quebra operacional de alguns produtos. Se um item apresenta alta quebra operacional, um dos motivos pode ser o descompasso entre a oferta e demanda. Ou seja, produto parado estraga, é jogado fora e, para evitar, aplica-se desconto no produto para forçar a venda.
Logo, em um ambiente pressionado por redução de perdas de estoque, pode ser que a rebaixa de preço seja excessivamente utilizada, transferindo a perda de margem do custo para a receita. Afinal, as perdas de estoque sensibilizam o custo da mercadoria vendida, enquanto a rebaixa de preço sensibiliza a receita. Porém, ambos impactam a margem final.
Em um projeto de prevenção de perdas para um grande varejista alimentar, a estratégia de atuação foi atacar a perda de forma estendida. Ou seja, avaliar as quebras operacionais e as perdas de margem. O resultado foi uma redução de 30% nas quebras operacionais e redução de aproximadamente R$ 8 Milhões em rebaixas de preços de perecíveis. Isto ocorreu porque o foco passou a ser a causa raiz das quebras operacionais, que eram geralmente os pedidos em excesso, os pedidos promocionais forçados e os itens inadequados para o sortimento das lojas.
Ao conectar as estruturas de prevenção de perdas, comercial e reabastecimento com indicadores que se conversavam, houve uma junção de forças para que o foco passasse a ser a rentabilidade da organização e não só a redução das perdas de estoque. O projeto de prevenção de perdas foi um dos maiores alavancadores de resultado desse varejista, que saiu do prejuízo ao lucro em um ano.
Logo, as perdas de estoque devem sempre ser avaliadas em um contexto amplo e de geração efetiva de valor para a organização, refletida principalmente em aumento da rentabilidade da empresa. A prevenção de perdas de estoque neste cenário, é uma poderosa aliada na transformação organizacional de empresas que buscam maior eficiência e valor, pois os resultados são rápidos e grande parte das ações dependem de esforços e ajustes internos da cadeia de abastecimento e venda.
* Rodrigo Castro é diretor executivo da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados, e co-fundador da Profit Shield.