Os resultados da 1ª Pesquisa Nacional sobre as Necessidades e Tendências do Compliance, conduzida em parceria pelas empresas Aliant e Protiviti, refletem os desafios enfrentados pelas empresas brasileiras na implementação e gestão de seus programas de Compliance e geram um panorama exclusivo sobre o setor.
A análise considerou respostas provenientes de mais de 50 empresas de diferentes segmentos, com representantes em todos os níveis hierárquicos, de analistas a presidentes. O resultado é um panorama exclusivo sobre o setor, que permite entender suas prioridades e necessidades centrais, mapeando também como as empresas vem lidando com o cenário dinâmico do compliance nacional.
Confira o infográfico com os destaques da pesquisa Tendências de Compliance 2023, trazendo os principais dados obtidos pelo estudo sobre a atuação do setor, suas responsabilidades e prioridades para o futuro.
97% dos profissionais consideram que conscientizar e buscar apoio da alta liderança é a atividade mais importante do setor.
Ao baixar o estudo, você encontrará este e outros insights sobre:
Tecnologia e Tendências
Responsabilidades dos profissionais
Estrutura da área
Perfil da amostra
O objetivo do estudo foi identificar quais são os principais desafios, as características e a organização da área. Além disso, buscou-se descobrir as tendências e as intenções de investimentos em Compliance para os próximos anos.
Entre os dias 20 e 22 de junho, aconteceu em São Paulo o 10º Congresso Internacional de Compliance, organizado pela LEC. Presente desde as primeiras edições, a Protiviti foi uma das patrocinadoras do evento. Além disso, o congresso reuniu profissionais especialistas do setor de compliance para três dias de networking e conteúdo.
Em conjunto com a Aliant, a empresa esteve presente na área de exposição e também na grade de palestras. Assim, foram duas participações exclusivas, representadas por Jefferson Kiyohara – Diretor de Compliance e Sustentabilidade – e Daniela Aggio – Diretora de Forensics e Investigação Corporativa.
Durante o painel “Atuação regulatória no Greenwashing e no Greenwishing: o que esperar para 2023 e a tendência europeia”, com Nathalie Vidual (Superintendente de Proteção e Orientação a Investidores na CVM), Miguel Trindade Rocha (Chairman na Polyhedron SGPS) e Leonardo B. Leite (Senior Partner na Almeida Advogados), Jefferson Kioyhara apresentou a palestra “Além das regulamentações: pontos de atenção ESG e dicas”, discutindo conceitos como o Greenhushing e o ESG-washing. Confira a apresentação completa abaixo.
Utilizando os dados mais recentes da Aliant sobre Canais de Denúncia no Brasil, a diretora Daniela Aggio participou de um bate-papo com Cleber Rizzo. O tema foi “Melhores Práticas para prevenção de assédios na administração pública”. Além disso, a conversa trouxe para o debate os desafios e particularidades do setor público na condução de ações preventivas antiassédio.O painel aconteceu durante o Congresso de Compliance da LEC.
O compliance tem se tornado um tema cada vez mais relevante no agronegócio, não só no Brasil, mas em todo o mundo. Neste contexto, o compliance é particularmente importante por várias razões. Em primeiro lugar, o setor agro é altamente regulamentado, tanto em termos de legislação ambiental, quanto de saúde e segurança alimentar. As empresas que não cumprem as regulamentações podem enfrentar sanções severas, incluindo multas e até mesmo a perda de licenças para operar.
Além disso, a adoção de boas práticas de compliance pode ajudar as empresas do agronegócio a minimizar riscos associados às atividades como o desmatamento ilegal, o trabalho escravo e o uso de agrotóxicos proibidos. Essas atividades não só são ilegais, mas também podem ter impactos negativos na reputação da empresa e afetar sua capacidade de competir em mercados exigentes. Outro aspecto importante do compliance no agronegócio, é a necessidade de monitorar a cadeia de suprimentos. As empresas que atuam no setor muitas vezes compram insumos de vários fornecedores, e é fundamental garantir que esses fornecedores também cumpram as regulamentações aplicáveis.
Após escândalos, tal como a operação “Carne Fraca” instituída em 2017 pela Polícia Federal e, visando uma condução mais ética e sustentável às atividades deste setor, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) intensificou o trabalho de Compliance e lançou o Pacto pela Integridade e o Selo Agro Mais integridade. Este selo é concedido às empresas somente após demonstrarem que possuem um programa de integridade em vigor, incluindo políticas claras, procedimentos operacionais, treinamentos e monitoramento. Além disso, a empresa deve demonstrar seu compromisso com a transparência e a conformidade com as leis ambientais, trabalhistas e de segurança alimentar, bem como cumprimento de Termo de Ajustamento de Condutas (TAC) e demandas judiciais e atenção às notícias desabonadoras que envolvam as interessadas, seus sócios ou dirigentes, quando couber.
O Selo Agro Mais Integridade é um reconhecimento importante para as empresas do setor agropecuário, pois demonstra seu compromisso com a ética e a conformidade. Isso pode ajudar a aumentar a confiança dos consumidores, investidores e parceiros de negócios, bem como a melhorar a reputação da empresa no mercado. Destarte, as empresas que recebem o Selo Agro Mais Integridade ajudam a impulsionar a imagem do país no mercado internacional como um todo, aumentando a competitividade do setor agropecuário brasileiro.
Em sua 5ª edição, o Selo Agro Mais Integridade demonstra acompanhar temas importantes, tal como a descarbonização dos processos, sistemas e cadeias produtivas das empresas, exigindo, por exemplo, que as empresas interessadas em renovar a premiação, e consequentemente conquistar o “Selo Amarelo”, apresentem a forma como estão contribuindo para esta pauta, tendo como novidade a exigência para que elas comprovem que são aderentes à iniciativa ”Ação Coletiva Anticorrupção da Agroindústria” do Pacto Global da ONU no Brasil até a data de encerramento das inscrições, mesmo não sendo ainda signatária do Pacto Global, ou, no mínimo, que participem da Plataforma de Ação contra Corrupção do referido Pacto Global da ONU no Brasil
Os interessados em obter o ”Selo Agro Mais Integridade” relativo ao exercício de 2023/2024, deverão realizar sua inscrição diretamente no site oficial do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no período de 1º de março de 2023 a 02 de junho de 2023, adequando-se aos requisitos e documentações exigidos na Portaria MAPA nº 542/2022, a qual regulamenta a premiação.
A análise será feita pela equipe da Secretaria-Executiva do Comitê Gestor do Selo Mais Integridade (SECG) que elaborará relatório técnico conclusivo, com a avaliação do cumprimento ou não dos principais requisitos pelas empresas e cooperativas inscritas. Caso sejam consideradas aptas, as empresas e cooperativas serão convocadas para a cerimônia de premiação, devendo assinar o Pacto pela Integridade, Responsabilidade Social e Sustentabilidade Ambiental e Uso Adequado da Marca e poderão utilizar a marca “Selo Mais Integridade” de acordo com o disposto no regulamento.
*Julia Silva é Consultora de Compliance na Protiviti Brasil.
“As máquinas podem pensar?” Esse foi o questionamento realizado por Alan Turing, matemático inglês considerado pai da Inteligência Artificial (IA), em seu artigo “Computing Machinery and Intelligence”, publicado na década de 50 e que introduziu ao mundo acadêmico as primeiras considerações sobre essa tecnologia. A regulação da Inteligência Artificial levanta debates desde o início.
Desde então, houve vasta evolução tecnológica na Era da Informação, com o desenvolvimento de computadores cada vez mais complexos e novos tipos de tecnologia, cujas utilidades tornam quase impossível imaginar nossas vidas sem tais ferramentas. Imagine-se, por exemplo, sem as facilidades proporcionadas por um aplicativo de trânsito que mostra a melhor rota em tempo real, ou conteúdos personalizados nas redes sociais e canais de streaming.
Fato é que a Inteligência Artificial está ocupando seu espaço na sociedade, tendo deixado há tempos de ser apenas tema de filmes de ficção científica. Essa tecnologia tem trazido benefícios concretos ao nosso cotidiano, relacionados à produtividade e à entrega de resultados precisos. Mas a regulação da Inteligência Artificial é cada vez mais urgente.
Como exemplo, podemos citar os seguintes setores econômicos que atualmente se destacam na utilização de IA: saúde (detecção de diagnósticos), varejo (perfil de consumo dos usuários), “Indústria 4.0” (automação industrial), agronegócio (previsões meteorológicas e monitoramento de plantações), recursos humanos (automatização de processos de recrutamento e seleção), cibersegurança (previsão de ataques e atividades suspeitas) e infraestrutura (monitoramento de segurança).
Com o surgimento de novas tecnologias, é natural que haja instituição de normas com a finalidade de estabelecer diretrizes, princípios, direitos e nortear a atuação do mercado. Internacionalmente, já há diversos modelos regulatórios de IA. O Japão e o Reino Unido, por exemplo, são países que mais se aprofundaram nos modelos de regulação, e a Alemanha, pela quantidade de iniciativas regulatórias. Por sua vez, a Coréia do Sul se destaca pelo apoio ao desenvolvimento das tecnologias de IA, buscando reduzir a regulamentação. Há, ainda, países da União Europeia que preferem aderir a normas de órgãos internacionais, enquanto outros apenas buscam realizar ajustes legais para adaptação ao contexto de utilização desses sistemas.
Em âmbito nacional, está sob a análise do Senado uma minuta de projeto de lei elaborada por uma Comissão de Juristas, em substituição a proposições anteriores, com o objetivo de estabelecer normas gerais para o desenvolvimento, a implementação e o uso responsável da IA, com a regulação da Inteligência Artificial no Brasil. Caso aprovado o projeto de lei, as empresas que desenvolvem ou utilizam essa tecnologia teriam os seguintes impactos:
Necessidade de observância a diversos direitos, tais como à informação prévia quanto às interações com sistemas de inteligência artificial; à explicação sobre a decisão, recomendação ou previsão tomada; à contestação de decisões; a não-discriminação e à privacidade e proteção de dados pessoais;
Instituição de avaliação preliminar de risco para identificação do grau de risco do sistema, previamente à sua colocação no mercado;
Instituição de programas de governança e processos internos aptos a garantir a segurança dos sistemas e o atendimento dos direitos de pessoas afetadas;
Dever de comunicação de incidentes de segurança;
Sujeição a sanções administrativas em caso de infração à lei e à responsabilidade civil em caso de danos.
Assim, quando promulgada a lei para regulamentar a atividade, ainda que ocorra modificações na minuta proposta, haverá impacto na realidade organizacional das empresas que desenvolvem sistemas de inteligência artificial (fornecedoras), ou a utilizem em seu nome ou benefício (operadoras). Em ambos os casos, será necessário estruturar um programa voltado ao atendimento das normas direcionadas à proteção do cidadão face aos riscos que o avanço tecnológico protagonizado pelo uso da IA pode trazer.
Se nos dias de hoje as máquinas podem pensar, é preciso que haja convivência harmoniosa entre a inteligência humana e a artificial. O avanço tecnológico é inevitável, assim como as regulações que acompanham tal evolução. Haverá impactos? Sim, serão necessárias mudanças organizacionais. Mas haverá também potencial para que a regulamentação norteie as empresas quanto ao uso responsável de sistemas de Inteligência Artificial, convergindo, enfim, os interesses de todas as partes envolvidas na sua utilização.
*Patrícia Domingues é consultora de Data Privacy da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.
No recente relatório da Transparência Internacional sobre o índice de percepção da corrupção, o Brasil, mais uma vez, ocupou uma posição ruim, ficando em 94ª num ranking com 180 países. Fizemos apenas 38% dos pontos nas últimas três edições. É pouco, e temos espaço para melhorar. Fomentar Programas de Compliance nos setores público e privado é um caminho, por exemplo. Neste contexto, o investimento em tecnologias pode ser um diferencial.
Para que o dinheiro obtido com a corrupção seja utilizado é chave a realização da lavagem de dinheiro, dando uma aparência legítima a ativos obtidos de forma criminosa. Desta forma, é correto afirmar que ao promover a Prevenção à Lavagem de Dinheiro (PLD), apoia-se também o combate à corrupção. E a tecnologia avançada, com a utilização de Inteligência Artificial (IA), pode trazer inúmeros benefícios a este processo, se empregada em Programas de Compliance PLD efetivos, ou seja, com políticas adequadas, ações de treinamento e comunicação, indicadores e profissionais capacitados.
Com o uso de ferramentas baseadas em Inteligência Artificial, os processos manuais podem ser substituídos por uma análise automatizada de uma quantidade enorme de dados, de forma rápida e precisa, inclusive utilizando o aprendizado de máquina para identificar padrões e situações que fogem do esperado, além de oferecer alertas mais relevantes para posterior análise e confirmação de um profissional em prevenção à lavagem de dinheiro. Isso significa apoiar-se nas regras, mas também contar com a IA para entender quais delas são mais efetivas e quais não existem e deveriam ser criadas e aplicadas.
Vale lembrar que, mesmo com a tecnologia, é importante adotar uma abordagem baseada em riscos, de modo a otimizar os recursos existentes na organização para o Programa PLD, entendendo sobre processos, transações, clientes e outros temas que podem trazer maiores riscos para a empresa. Com isso, a organização pode adotar as ações de controle e de mitigação necessárias de forma proporcional. Tal prática inclusive é recomendada pelo GAFI (Grupo de Ação Financeira Internacional). Em documento publicado em Julho de 2021, o GAFI já sinalizava oportunidades e desafios com o uso da tecnologia nas ações de PLD.
Um exemplo de aplicação da IA é no processo de monitoramento de transações, no qual situações incomuns podem ser automaticamente identificadas e segregadas para uma posterior análise por um profissional de PLD. A diferença de uma solução com o uso apenas de regras para outra com aprendizado de máquina e IA é a evidente redução dos falsos positivos em razão da combinação de critérios, além da possibilidade de identificar novos comportamentos atípicos.
A tecnologia traz ainda outros benefícios, como a integração com diversas fontes de informação, como as necessárias listas restritivas com pessoas e organizações envolvidas em crimes financeiros e a relação de Pessoas Politicamente Expostas (PEP), entre outras que são essenciais nos processos PLD. Outra vantagem é a capacidade de apoiar na geração de indicadores, gráficos e oferecer recursos de apoio à tomada de decisão de uma forma visual e prática.
Num contexto de negócio cada vez mais complexo e dinâmico, atender às diversas legislações e regulamentações PLD aplicáveis é um desafio. Neste ambiente, a tecnologia pode ser uma grande aliada dos profissionais de PLD, assim como uma apoiadora das organizações e de seus diretores na proteção da reputação e mitigação de sanções.
*Jefferson Kiyohara é diretor de Compliance & Sustentabilidade da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.
Acaba de ser divulgada a edição 2023 do ranking Leaders League, que reúne as melhores empresas de consultoria, escritórios de advocacia e empresas do setor. A organização é uma editora fundada em Paris, em 1996, focada em produzir relatórios e pesquisas voltadas para executivos e C-levels ao redor do mundo.
Em 2023, a Protiviti Brasil foi reconhecida entre as Melhores Consultorias de Compliance, estreando na categoria Líder – a mais alta do ranking.
via Leaders League
Além disso, a empresa também foi premiada como Excelente entre os Melhores Especialistas em Forensics e Complex Investigations, subindo de categoria em relação ao último ano e como Altamente Recomendada entre as Melhores Consultorias de Gestão de Riscos, citada pela primeira vez.
A Protiviti também conta com a premiação como Excelente entre os Melhores Assessores em LGPD, pelo segundo ano consecutivo.
Os rankings produzidos pela editora são reconhecidos ao redor do mundo e reconhecidos por sua metodologia de pesquisa imparcial, compreensiva e transparente. Confira as premiações no site.
Sobre a Leaders League
A Leaders League é uma empresa de serviços empresariais sediada em Paris e uma agência de classificação com presença global. Além disso, a organização organiza eventos para executivos, rankings abrangentes e análises detalhadas projetadas para unir os mercados globais. Fundada em 1996, em Paris, a Leaders League é uma agência de classificação internacional e serviços empresariais com foco nas seguintes indústrias:
• Jurídica • Private Equity e Serviços Financeiros • Capital Humano • Inovação e Marketing • Gestão de Patrimônio e Gestão de Ativos A empresa organiza mais de 20 eventos de alto nível em capitais globais como Paris, Nova York e São Paulo, além de produzir classificações internacionais e conteúdo de notícias para as indústrias jurídica, financeira, tecnológica e de RH.
A Leaders League é composta por 150 profissionais distribuídos em vários locais ao redor do mundo, incluindo a sede em Paris e escritórios em Londres, Madri, Lima, Milão, Rio de Janeiro e São Paulo.
Muitos são os desafios enfrentados pelos gestores de Compliance das diversas organizações do Brasil. E certamente cumprir com todas as suas responsabilidades, respeitando o orçamento existente, é um deles. Percebemos que o aumento da complexidade e das áreas de atuação do Programa de Compliance, faz com que muitas empresas busquem mais profissionais para compor a equipe da área e, assim, dar conta das demandas e exigências. Contudo, muitas vezes não há orçamento de compliance para contratar mais pessoas, ou existem situações nas quais a contratação de um profissional não resolveria o problema. Então quais seriam as opções?
Nestes casos, um importante aliado são as plataformas ou sistemas, que trazem o benefício de automação e ganho de eficiência, e muitas vezes com melhores resultados. Por exemplo, na atividade de diligências, uma plataforma permite consultar diversas bases e fontes rapidamente, retornando com um score sobre os riscos, o que facilita o processo de decisão. Podemos citar que essa medida traz ainda a vantagem de permitir acompanhar o histórico e promove a rastreabilidade, sem contar que pode ser integrada com o sistema de gestão (ERP) utilizado pela organização, no processo de homologação de fornecedores e compras.
Outros pilares do Programa de Compliance também podem se beneficiar da tecnologia, como o mapeamento de riscos de Compliance, que geralmente é registrado numa planilha Excel. A evolução é realizar o processo numa plataforma de GRC (Governança, Riscos e Conformidade). Neste modelo, há ganhos na proteção dos dados confidenciais e controle de acesso, na possibilidade de criar tarefas para cada atividade prevista no plano de ação, atribuindo prazo e responsável, e uma atuação colaborativa, além da possibilidade de integrar com um módulo de auditoria, favorecendo a geração de indicadores e do trabalho da auditoria interna. O mesmo raciocínio é válido para o processo de análise de dados, que existem em quantidade cada vez maior nas organizações. As soluções de analytics cobrem de forma mais rápida e efetiva as análises em comparação com as macros em planilhas.
A governança do Programa de Compliance pode também ser favorecida com uma plataforma para a organização dos comitês e a respectiva convocação de seus membros, a organização de pautas e atas de reunião com controle de agenda e fluxo de informações, além da possibilidade de comprovação e acompanhamento. Com a tecnologia, há ganho na confidencialidade, rastreabilidade e transparência de informações, respeitando as alçadas existentes. Isso porque a centralização de dados e documentos num repositório único, com controle e registro de acessos, também favorece a governança. O fluxo sistêmico para gerenciar situações de conflito de interesses, como autorizações para participação em eventos, viagens e presentes também aprimora a governança do programa, e pode ser feita com aplicativos e uso de robôs.
Pensando nas práticas de prevenção à lavagem de dinheiro, o uso de ferramentas com Inteligência Artificial para identificar padrões e situações atípicas, indo além do que as regras conseguem identificar, é um diferencial para reduzir falsos positivos e conseguir maior efetividade na identificação de casos suspeitos, além de otimizar o uso dos analistas humanos.
Outra opção é a terceirização com mão-de-obra experiente. A terceirização permite a empresa ter acesso a especialistas, inclusive de forma temporária ou em tempo parcial, para cobrir necessidades operacionais do dia a dia e picos de demanda ou ausência da equipe própria em razão de licença médica ou maternidade, por exemplo. Há empresas inclusive que terceirizam a gestão do Programa de Compliance por não ter interesse em atuar com equipe própria ou não ter o conhecimento técnico de como realizar o trabalho.
São muitas as opções para fazer o melhor uso do orçamento existente. Encontrar o melhor mix no uso de recursos internos, consultoria, serviços terceirizados e plataformas tecnológicas é o caminho para conseguir fazer mais com menos nos Programas de Compliance. É algo fundamental em tempos de austeridade nos quais os holofotes estão nas organizações para adoção efetiva dos pilares e das práticas de Governança, Riscos e Compliance.
*Jefferson Kiyohara é diretor de Compliance & Sustentabilidade da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.
Desvios de comportamentos no ambiente hospitalar podem ser prevenidos com governança forte e ações diretas
Vanessa Watanabe e Iuri Camilo*
Comportamento antiéticos e inapropriados como assédio moral, sexual e importunação sexual dentro do ambiente hospitalar estão em pauta diante dos incidentes recentes que apareceram na mídia, como o caso do médico anestesista que foi preso em flagrante acusado de estuprar uma paciente. Acontecimentos como esse nos remetem à reflexão acerca da conduta das pessoas que convivem no ambiente hospitalar.
Geralmente tais locais deveriam ter como intenção o acolhimento, o tratamento e a cura para enfermidades e necessidades. No entanto, quando ocorrem desvios de comportamentos no ambiente hospitalar, será que estamos diante de um paradoxo? Na prática, um ambiente em tese acolhedor, pode causar o efeito reverso, afetando física e emocionalmente as pessoas que trabalham ou que necessitam de atendimento, como os pacientes? Em razão disso, surge outro questionamento: como prevenir, mitigar e gerenciar os riscos oriundos de comportamentos desviantes nos ambientes hospitalares?
A resposta não é simples e direta. Porém, é possível apresentar algumas sugestões de como tais situações podem ser indiretamente incitadas e quais os meios para mitigá-las ou gerenciá-las.
O ambiente hospitalar pode ser considerado um reflexo da sociedade em que vivemos. Deste modo, desvios de comportamentos ou crimes que estão presentes na sociedade de forma macro, também estão presentes em microambientes. De acordo com a Teoria da Associação Diferencial, o crime se aprende, ou seja, uma pessoa que comete atos criminosos ao identificar que a violação lhe trouxe mais benefícios do que prejuízos, se sente incentivada a perpetuá-los. Sendo assim, a ausência de consequências para comportamentos desviantes pode reforçar e aumentar sua gravidade e complexidade na medida em que o infrator se sente cada vez mais seguro e confortável para cometê-los.
Em um primeiro momento, casos de importunação e assédio sexual podem começar com comentários inapropriados sobre questões físicas, podendo evoluir para atitudes desrespeitosas que geram desconforto e constrangimento às vítimas, quando não são tratados devidamente e repreendidos pela instituição.
Identificamos, por exemplo, que no ambiente hospitalar, os relacionamentos afetivos acontecem com frequência entre profissionais que possuem alguma subordinação hierárquica, podendo ter como consequência favorecimentos ou conflitos de interesse.
Tais relacionamentos podem fomentar a permissividade e, quando perpetuada, eventualmente pode favorecer a adoção de comportamentos inadequados que no limite configurem práticas de assédio e importunação sexual e até mesmo estupro, considerando a utilização da posição ocupada para consumar uma relação não consensual por meio de ameaças, oferecimento de benefícios como promoções ou mesmo abusos em situações de vulnerabilidade.
Além disso, a cultura altamente protecionista existente nos ambientes médicos não facilita a exposição das situações por meio de denúncias e relatos sobre os supostos desvios de conduta.
Diante deste cenário, como prevenir e mitigar as situações apontadas? Os ambientes hospitalares necessitam de uma governança forte para garantir o bem-estar das pessoas que o compõem. Embora muitos ambientes corporativos empresariais já estejam atentos sobre a importância da governança e das três linhas de defesa que, a grosso modo, são exemplificadas como liderança, gestão de riscos, compliance e auditoria, os ambientes hospitalares ainda necessitam priorizar e aprimorar o desenvolvimento dessas estruturas a fim de mitigar a ocorrência de desvios de comportamentos, condutas antiéticas e até crimes, como os citados acima.
Portanto, a governança corporativa tem papel fundamental no processo de mudança, promovendo a estruturação e o aprimoramento da gestão ética, que pode envolver medidas preventivas e reativas. São exemplos de ferramentas preventivas o código de ética e conduta, os treinamentos e a implementação de canais de denúncia. Neste último caso, uma nova lei acaba de ser aprovada exigindo que, a partir de 23 de março de 2023, empresas acima de 20 colaboradores terão que adotar medidas para prevenir e combater o assédio e a violência no trabalho. Sendo assim, estruturar um canal de denúncias independente é uma das exigências.
Como medidas reativas, trazemos as investigações internas quando algum caso é denunciado ou existem desconfianças sobre o comportamento de algum profissional, tornando-se fundamental a realização de uma apuração independente e imparcial, bem como a aplicação da política de consequências, além de colaboração com as instituições legais em casos mais graves.
*Vanessa Watanabe e Iuri Camilo atuam na área de investigações da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.
Cada vez mais urgentes, medidas de compliance no futebol vem ganhando espaço nas discussões
Thalia Amorim e Jefferson Kiyohara*
Temos acompanhado com frequência notícias do meio futebolístico envolvendo situações de assédio moral e sexual. Em uma dessas, três profissionais de destaque foram demitidos por questões comportamentais inaceitáveis. Foram dois comentaristas de um dos maiores canais de esportes do mundo e o diretor comercial de um dos grandes clubes de futebol da Inglaterra e do mundo.
Os desligamentos foram consequência de tristes atos cometidos. No caso do canal esportivo, um jornalista teria realizado um comentário de conotação sexual contra um funcionário LGBTQIA+, e o outro por relacionamento inadequado com a equipe. Já o diretor comercial do clube europeu foi demitido após a divulgação de diversas mensagens de cunho sexual, que teriam sido enviadas por meio de seu celular corporativo para uma empresária do setor futebolístico. Dentre outras situações vexatórias, o diretor questionava se ela estaria nua e prometia-lhe arranjos profissionais em troca de favores sexuais.
Além destes fatos, infelizmente tornou-se comum cometer racismo dentro do campo contra os jogadores, como vimos um dirigente dizer ao jogador Vinícius Júnior, atacante do Real Madrid, que “deixasse de fazer macacadas”. Outro episódio ocorreu durante o amistoso da Seleção Brasileira no dia 27 de setembro, quando mais uma vez um torcedor jogou uma banana no campo durante a comemoração do gol, gesto claro de racismo, e, por ironia, realizado no mesmo dia em que ocorria o evento FIFA Compliance Summit.
Os casos mencionados acima tiveram grande impacto social e midiático. É notável que a sociedade, os grandes clubes e as mídias que fazem parte do ecossistema do futebol estão cada vez mais atentos e dispostos a se posicionar contra o assédio e as agressões morais e sexuais. Por isso, o compliance no futebol se faz cada vez mais presente, cenário que se repete no Brasil, onde, por exemplo, o Clube Atlético Mineiro tem trabalhado num programa efetivo sobre essa temática.
A falta de compliance no futebol pode prejudicar a reputação de uma organização, inclusive um time esportivo, impactando a relação com torcedores e patrocinadores. Há ainda a possibilidade de sofrer sanções e multas diretamente, dependendo do ilícito que acontecer. Os exemplos dos jornalistas e do diretor comercial reforçam a importância de ter um canal de denúncias e um processo estruturado para apuração dos relatos e da aplicação da política de consequências.
O futebol é um esporte de grande audiência e paixão, com o poder de mobilizar e emocionar, e a Copa do Mundo que teremos em breve é a prova disto. O Santos do Pelé já provou ser possível parar uma guerra. Por isso, o bom uso deste poder está relacionado à influência positiva de pessoas e comunidades, promovendo o respeito aos semelhantes, às leis e às regras.
O fair play deve valer dentro e fora das quatro linhas. E o caminho para isso é trabalhar de forma preventiva e conscientizadora, tendo o programa de compliance como aliado. Clubes, empresas de mídia, patrocinadores, atletas e torcedores só têm a ganhar!
*Thalia Amorim é consultora de Compliance e Jefferson Kiyohara é diretor de Compliance & Sustentabilidade. Ambos atuam na Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.