Auditoria Interna Archives - Página 3 de 3 - Protiviti

Muito vem se discutindo nos últimos anos sobre as mudanças que sofrerão algumas profissões em função do crescimento tecnológico mundial. Neste grupo profissional estão os auditores e deles não se espera nada diferente de disso. Isso traz questões como a auditoria contínua.

Os profissionais de Auditoria Interna, responsáveis pela avaliação independente dos riscos e controles das empresas, assim como pela identificação de oportunidades de melhoria em seus processos de negócios, passaram a assumir, mais recentemente, um papel importante nas estruturas de gestão de riscos.

Trata-se de um desafio para os profissionais da área. A adequação a esse cenário em que novos papéis são exigidos é um ponto fundamental para as empresas que buscam agilidade, diferencial de conhecimento e estratégias mais eficientes.

No atual e complexo cenário econômico, vem aumentando o foco na adoção de formas inovadoras para avaliar e gerenciar riscos. E, os avanços tecnológicos estão pavimentando o caminho para o uso de Auditoria Contínua e Monitoramento Contínuo nos processos, transações, sistemas e controles das organizações.

As organizações estão utilizando tecnologias como fator de mudança na forma com que avaliam a efetividade dos controles e o monitoramento do seu desempenho.

Mas o que é Auditoria Contínua?

Auditoria Contínua é uma ferramenta de gestão que possibilita a avaliação contínua dos processos e controles internos. Isso é feito por meio de inspeção com foco no cruzamento de dados eletrônicos sobre transações críticas de forma recorrente e em larga escala.

Tem o objetivo de identificar exceções ou obter “percepções” de forma tempestiva a partir de critérios e gatilhos pré-definidos. Em outras palavras, são gerados relatórios de forma automatizada que contêm dados indicativos de operações que estão em desacordo com as normas e procedimentos da organização.

auditoria interna

Qual a diferença entre Auditoria Contínua e Monitoramento Contínuo?

Auditoria Contínua

A Auditoria Contínua é uma função de controle e poderá utilizar o monitoramento contínuo como evidência indireta do desempenho, conformidade e qualidade de um processo. A frequência da implementação de um processo de auditoria contínua baseia-se na avaliação do nível de risco das transações ou do objeto da auditoria.

Além disso, ela poderá usar parâmetros operacionais, além de outros padrões de análises comparativas, permitindo ao auditor aferir o resultado de suas recomendações.

Monitoramento Contínuo

O Monitoramento Contínuo é uma função gerencial, não uma função de auditoria interna. Em algumas circunstâncias o monitoramento pode ser comparado com um sistema gerencial.

Tem como objetivo monitorar o desenvolvimento das atividades dos processos, sistemas e dados, além de resultar na avaliação do desempenho e da conformidade dos processos e das operações, provendo correções ou ajustes necessários.

Como as empresas estão se adaptando a isso?

Boa parte das empresas vem adotando a terceirização total ou parcial dos trabalhos de auditoria interna, bem como a implantação e execução de auditoria contínua sendo que esses serviços podem reduzir custos ao longo do tempo. Isso ajuda a melhorar a informação de risco necessária para apoiar a tomada de decisões estratégicas em toda a organização.

De maneira geral, a Auditoria Contínua têm total relação com tecnologia e a tendência é de aperfeiçoamento constante, com foco em automatizações e acompanhamento de processos afim de mitigar falhas operacionais, erros e até mesmo fraudes, fortalecendo as estruturas de governança corporativa das empresas.

Gostou do artigo? Então você pode se interessar por esse aqui também: Conheça a próxima geração da auditoria interna.


*por Marcel Guerra é gerente de auditoria interna e assessoria financeira da ICTS Protiviti

Na Pesquisa de Conformidade com a Sarbanes-Oxley (SOX) da Protiviti, cerca de 700 entrevistados de organizações de capital aberto foram ouvidos durante o ano de 2019.

Nesse estudo anual, a Protiviti identifica tendências e padrões na aplicação da SOX. Neste artigo, falaremos sobre tendência de diminuição de custos, evolução do tempo médio para implementação e demais percepções dos gestores sobre o método.

Tendência decrescente de custo de conformidade em SOX

A partir de resultados obtidos pela pesquisa Sarbanes-Oxley da Protiviti 2019 foi possível identificar uma diminuição dos custos em relação ao ano anterior.

Considerando que vivemos um momento de mudanças nas regras contábeis (Leasing e Receitas) e os grandes esforços de transformação digital nas áreas de auditoria e controle das organizações, faria sentido pensar em aumento de custos, mas não é o que foi constatado nas pesquisas.

Tendência de aumento em horas para o cumprimento da lei

Outro resultado que chama bastante atenção é o tempo médio empregado pelas organizações para os controles de SOX. A maioria das empresas dedicou mais horas a essa atividade do que no ano anterior (as horas aumentaram 10% ou mais).

Mudanças externas nos padrões contábeis e de auditoria, bem como alterações na forma como essas regras estão sendo aplicadas pelas autoridades reguladoras, são alguns dos fatores que contribuem para o aumento das horas de conformidade.

Mudanças internas, geralmente relacionadas à transformação digital e à adoção de tecnologias emergentes, também exigem que as equipes de auditoria passem mais tempo examinando possíveis novos problemas de controle e os riscos relacionados.

Além disso, o PCAOB (Conselho de Supervisão Contábil de Empresa Pública) continuou seu controle meticuloso de auditorias realizadas por empresas de auditoria externa. E isso geralmente se traduz em auditores externos empregando mais tempo em seus testes e análises relacionados à SOX, bem como na qualidade e consistência geral de suas auditorias.

Instrumentos de controle

Em se tratando da SOX, podemos dizer que existe um conjunto mais ou menos estável de instrumentos de controle. No entanto, a necessidade de identificar com maior precisão falhas de controle em diferentes áreas das companhias, vem levando a implementação de novas estratégias ligadas às mudanças que estão acontecendo nas organizações.

Além disso, novos pronunciamentos contábeis, orientações do PCAOB sobre a precisão do controle, orientações da SEC acerca da necessidade de considerar ameaças cibernéticas ao implementar e testar controles internos provavelmente contribuíram para aumentar a quantidade e os tipos de controle.

Na pesquisa Sarbanes-Oxley da ICTS Protiviti 2019 esse aumento foi percebido. Em comparação com os dados do ano anterior, houve saltos significativos no uso de análise de dados pelas empresas, bem como por seus auditores externos.

A maioria das organizações utilizou ferramentas tecnológicas para testar os controles da seção 404 da SOX em 2018 e 2019, mais frequentemente para contas a pagar, controles gerais de TI e processos de conciliação contábil.

Também houve um crescimento substancial no uso de ferramentas tecnológicas para áreas como o fluxo de trabalho de aprovação automatizado e a avaliação do controle de acesso/segregação de funções.

Embora essas ferramentas possam não conter tecnologia de ponta, seu uso proporciona ganhos de eficiência que podem ser medidos, comunicados e usados como evidência da necessidade de investir em formas mais avançadas de automação.

Também, digno de nota, mais organizações estão começando a empregar tecnologias avançadas, como automação de processos robóticos (RPA) e aprendizado de máquina/deep learning nas suas iniciativas.

Embora os números ainda sejam relativamente baixos, eles aumentaram significativamente em relação ao ano anterior. Essa tendência acompanha a pesquisa da ICTS Protiviti sobre o uso crescente de RPA e da inteligência artificial.

Além disso, uma gama mais ampla de atividades de controle está sendo apoiada por tecnologia avançada em comparação com anos anteriores do nosso estudo. Por exemplo, mais de 60% dos auditores externos utilizam ferramentas tecnológicas para testar os controles da Seção 404 da SOX e quase metade utiliza a análise de dados como parte do processo.

Com este artigo, esperamos ter trazido um breve resumo sobre os resultados observados na pesquisa Sarbanes-Oxley da Protiviti 2019. Como você pôde acompanhar, houve mudanças significativas na forma como as organizações fazem conformidade a SOX, com diminuição de custos e aumento de médio das horas empregadas nesse trabalho. Além disso, também tivemos a ascensão de novos tipos de controle interno.

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Evidência é prerrogativa da auditoria remota. Se um processo ou controle não puder ser evidenciado, é difícil dizer que o mesmo ocorre e é mais difícil ainda dizer se o controle mitiga ou não o risco associado. O processo de auditoria poderia ser comparado a São Tomé: ver para crer? E nesses tempos de crise como a pandemia do coronavírus, na qual a quarentena obriga tanto o auditor quanto o auditado a trabalhar à distância, como fazer para obter as evidências do processo de auditoria remota?

Como obter evidências na auditoria remota

Em empresas Data Driven, essa necessidade se torna mais simples. Isso pois os processos e os controles são evidenciados pelo caminho do dado. O processo é acompanhado desde a criação do dado e por todo o caminho que ele percorre, identificando os controles existentes e as eventuais brechas e falhas no processo. A partir daí, a auditoria foca nas exceções.

>>> Leia também: Conheça a próxima geração da auditoria interna.

Já a auditoria remota em empresas que possuem processos manuais, nos quais os sistemas não permitem o acompanhamento do ciclo de vida do dado, a abordagem de auditoria automatizada tende a não funcionar.

Porém, com as novas tecnologias já disponíveis, é possível estar “ao lado” do auditado, mesmo estando distante. Ferramentas de videoconferência nos permitem, por exemplo, ver e conversar com o auditado, além de acompanhar o que ele executa no seu computador, por meio do compartilhamento de tela.

Essas ferramentas permitem, também, a gravação do que está sendo conversado e mostrado, e o que pode agilizar o processo, uma vez que o auditor não precisa pausar a conversa para anotar os itens identificados. Ainda, se alinhado com o auditado, essa gravação não poderia servir como evidência do processo?

Prioridades vs auditoria à distância

O tempo do auditado é um ofensor significativo do processo de auditoria. Agendar reuniões raramente é fácil e, depois de agendadas, muitas delas são canceladas.

Em nosso dia a dia, várias demandas surgem, sendo algumas (ou várias) são priorizadas em detrimento da auditoria remota. Afinal, quem gosta de ser auditado?

Me uso como exemplo desse cenário de novas demandas ao longo do dia, pois quando estou no escritório, muitas pessoas me procuram demandando alguma questão que eu “possa ajudar”. A famosa curva de rio, que não permite ir de um ponto a outro sem ser abordado para algum assunto. Por isso, não raramente me coloco em home office para realizar alguma tarefa prioritária, na busca incansável pela produtividade.

Nesse momento que estamos em Home Office, auditor e auditado, podemos aproveitar esse tempo produtivo. Todos estão se adaptando às novas rotinas, então aproveitemos essa nova fase para nos posicionar e mostrar a prioridade que a auditoria continua a ter.

Auditoria não foi e não será mais prioritária do que a continuidade dos negócios. Mas, com o negócio funcionando e a produtividade em alta, vai sobrar um tempo para a auditoria.

O momento atual está nos fazendo repensar os modelos de trabalho. Precisamos também repensar o modelo da auditoria. Se a forma comum de fazer auditoria não pode ser executada, faremos de um novo jeito, com novas maneiras de mapear os processos, novas maneiras de identificar os riscos e evidenciar a efetividade dos controles.

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*Eduardo Maia é gerente de auditoria interna e assessoria financeira da Protiviti.

Home office — que significa trabalhar de casa — talvez a palavra mais utilizada nos últimos dias. Trabalhar de casa nem sempre foi tão fácil assim. No entanto, em nossa atualidade e graças à tecnologia, isso se tornou algo simples, como tomar um café na esquina. Se o home office, no passado, era usado apenas por poucos profissionais, hoje é o método de todos, de qualquer profissional, de qualquer pessoa, independentemente da área.

Com o avanço do COVID-19 (coronavírus) e o início de uma pandemia declarada, seremos obrigados a mudarmos nosso mindset sobre as idas e vindas ao escritório.

E o que estamos aprendendo com isso?

Estamos aprendendo que é possível, sim, ser um profissional de alto nível dentro de casa, líder, com bons relacionamentos e tempo suficiente para se dedicar a tarefas pessoais também. Grandes conquistas como um novo “cliente” ou um novo “projeto”, são possíveis e viáveis, temos tecnologia hoje para isso. Tornou-se algo tão normal no nosso cotidiano que até entrevistas de emprego são realizadas virtualmente.

Além disso há outros benefícios de se trabalhar de casa, não só na ótica profissional, como produtividade e foco, más também na pessoal, como acordar mais tarde e até mesmo dar uma pausa para ir ao mercado após o almoço, e não devemos esquecer que para a empresa há também os benefícios em ter o funcionário em casa, como redução nos custos por exemplo.

>>> Leia também: Criatividade e liberdade também seguem a ética.

Trabalhar de casa será o escritório do futuro?

Realmente se considerarmos que somente mudamos de rotina quando o “calo aperta”, a resposta para essa pergunta é sim! Observando os cenários empresarial e da saúde atuais, os quais priorizam os resultados, a economia e a vida saudável, tudo indica que o home office será o nosso escritório do futuro. E isso tende a se tornar também uma prática cada vez mais comum no cenário profissional.

Contudo, não podemos esquecer que com o avanço das possibilidades tecnológicas, o home office irá tornar-se uma opção cada vez mais comum em empresas brasileiras. E ela irá abranger todo o tipo de profissional e porte de empresa, do presidente ao estagiário, da pequena a grande.

Desta forma, acredito que estamos vivendo tempos de mudanças, não só pessoais, más também empresariais, portanto, se adaptar é essencial, precisamos continuar nos desenvolvendo e se dedicando ao máximo, pois apenas trabalhar de casa tornou-se algo normal.

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* Marcel Guerra é gerente de auditoria interna e assessoria financeira da Protiviti

Muitas empresas não percebem, mas podem estar desperdiçando muito dinheiro no pagamento de fretes. Como evitar fraudes e perdas nesse momento?

“É impossível melhorar o nível qualidade dos transportes e ao mesmo tempo reduzir os custos de frete.” 

“Eu confio no meu transportador, somos parceiros há mais de 15 anos.” 

“Tem alguém que faz o controle do pagamento de fretes… Acho que é o Financeiro.”

“Faço um milhão de coisas por dia… Não tenho tempo para fazer auditoria.”

“Como não consigo tratar o grande volume de documentos de fretes, acabo fazendo análise de uma amostra, apenas.”

Se pelo menos uma das afirmativas soa familiar, este texto é para você. Isso porque a sua empresa provavelmente corre sérios riscos de estar pagando muito além do que deveria pela prestação de serviço de fretes. Além disso, há chances do serviço estar sendo ineficiente nas operações de transporte.

A auditoria de fretes é uma atividade de natureza operacional da gestão de fretes. Ela consiste em realizar a conferência das faturas referentes à prestação de serviço de transporte enviadas pelos transportadores. E isso é uma forma de validar os valores que estão sendo cobrados, em comparação ao que foi negociado. A auditoria é um passo importante para minimizar erros no pagamento de fretes.

Entretanto, apesar dos desafios e das dificuldades enfrentadas pelas empresas, é possível realizar o trabalho operacional em alinhamento à estratégia de negócio e indicar oportunidades de melhoria de processo, de modo a evitar a ocorrência de erros, fraudes ou quaisquer desvios das regras de negócio estabelecidas para corrigi-los e otimizar o trabalho a médio e longo prazo.

Desse modo, além de garantir a transparência, formalismo e isenção no relacionamento com os transportadores e parceiros, é possível ainda transpor a linha de visibilidade de serviços do cliente. Isso permite que ele acompanhe e participe de etapas da operação a que não costumava ter acesso, para superar as expectativas através de entrega de memórias inesquecíveis.

Quer saber como fazer pagamentos de fretes seguros? Nós damos a receita! Leia o texto!

Limões e outros ingredientes da receita que evita fraudes e perdas

Como principais desafios e dificuldades enfrentados pelas empresas para realizar a auditoria de fretes, destacam-se:

  1. Grande volume de Conhecimentos de Transporte (CT-es) movimentados, podendo chegar a cerca de milhares todo mês.
  2. Complexidade das tabelas de frete, com diferentes metodologias de precificação, responsabilidades pelo frete e pelos seguros, taxas de generalidades e gestão de riscos que podem ou não ser aplicadas sobre o serviço.
  3. Necessidade de profissionais e/ou sistemas de gestão capazes de auditar fretes e faturas de forma ágil e assertiva, impactando na eficiência operacional.

Tais “limões” acabam por acarretar que algumas empresas passem a não realizar qualquer tipo de auditoria, ou então por fazer apenas por amostragem ou por simples burocracia interna.

Entretanto, é preciso compreender a auditoria como um procedimento indispensável. Ela visa ampliar o controle ao identificar e corrigir falhas, evitando assim pagamentos de fretes indevidos, que podem resultar de:

  1. Cobranças em duplicidade ou por serviços não prestados devido à possíveis fraudes, falta de atenção e fragilidade dos controles.
  2. Erros de cálculo devido a transportadora não ter a tabela cadastrada corretamente em sistema, ou ter mais de uma tabela negociada com valores para fretes inbound e outbound ou para cada unidade da empresa.
  3. Reajuste automático da tabela de fretes, gerando inconsistências nas cobranças caso não se tenha acesso à nova tabela até o término da vigência da tabela atual.
  4. Fechamento do valor de frete com base em uma cotação – com preço diferenciado em relação à tabela – e não consideração do valor cotado na geração do CT-e.
  5. Dimensionamento, pesagem e cubagem dos volumes sendo feita manualmente na maior parte das transportadoras, sob o risco de falhas.

Grau de acidez

Estimar a ordem de grandeza das perdas resultantes da não realização da auditoria de fretes pode não ser uma tarefa tão simples devido às variações e particularidades que existem no setor de transportes.

Entretanto, alguns dados apurados com base na experiência dos mapeamentos de risco no setor indicam que:

  1. De 10% a 15% dos conhecimentos de transporte apresentam algum tipo de desacordo entre a tabela de frete negociada e o que foi efetivamente pago.
  2. As cobranças divergentes respeitam o princípio de Pareto, com grande parte dos desvios provocados por aproximadamente 20% dos fornecedores de transporte da base ativa (uma única transportadora pode representar mais de 90% do montante divergente).

Por outro lado, muito mais importante do que a acuracidade das previsões, são as lições e quebras de paradigmas reveladas pelos benchmarks.

Por exemplo, através de auditorias por amostragem apenas é mais provável evidenciar uma prática de cobrança indevida recorrente, mas não os casos eventuais de divergência. Portanto, a auditoria não pode ser encarada como um “mal necessário” apesar de ser um processo eventualmente oneroso em função do volume de documentos a serem auditados.

Além disso, mesmo os parceiros de longa data não dispensam “cuidados” com o controle do pagamento de fretes. Isso por que os desvios decorrentes de razões como a atualização de tabela, substituição de sistema, erro humano ou até mesmo má fé podem acontecer a qualquer momento. E tudo isso não depende do tempo de relacionamento com o fornecedor.

Por fim, através da experiência com a melhoria do processo de gestão de fretes permite afirmar que é possível superar o trade-off custo-qualidade e evitar fraudes e perdas, melhorando o nível qualidade dos transportes e ao mesmo tempo reduzindo os custos de frete, através de um sistema proativo e online de auditoria de fretes.

Modo de fazer

Em linhas gerais, a receita para realizar uma auditoria proativa e online sobre os processos de pagamento de fretes futuros ou em andamento (não reativa e nem analítica sobre o passado), envolve os seguintes passos para evitar fraudes e perdas:

  1. Simule os melhores preços de frete e as melhores opções de ocupação de veículos de transporte enquanto a separação e expedição estão executando a montagem da carga.
  2. Controle o volume de contratações e os valores de fretes spot e emergenciais, respeitando métricas pré-estabelecida à medida que a expedição os solicita.
  3. Crie gatilhos de governança e aprovação para o processo avançar sempre que um desvio da programação seja identificado.
  4. Automatize a validação e o lançamento dos documentos de frete em sistema e processe altos volumes de documentos em poucas horas.
  5. Realize o cruzamento de documentos de fretes como Ordens de Serviço (OS), pré-faturas, faturas, NFS-es e CT-es de forma automática para identificar cobranças indevidas, validar e classificar os impostos de acordo com a legislação vigente.
  6. Realize a busca dos eventos de manifestação da mercadoria e documentos emitidos contra a empresa na Secretaria de Estado de Fazenda (SEFAZ) e também através da captura das ocorrências registradas pelas transportadoras via Troca Eletrônica de Dados (EDI).
  7. Realize a gestão das faturas e CT-es para garantir que os pagamentos serão realizados somente após a auditoria de valores e aprovação gerencial.
  8. Compare as informações de valores de fretes praticados pelos diferentes fornecedores da empresa e até mesmo valores praticados por eles para outras empresas e aumente seu poder de barganha na negociação dos contratos de fretes.

Utensílios e ferramentas necessários

As opções de ferramentas necessárias para conduzir a totalidade ou parte das ações previstas em um sistema proativo e online de auditoria de pagamento de fretes podem ser divididas em 3 tipos de abordagens: as abordagens básicas, tradicionais e inovadoras.

Dentre as abordagens consideradas básicas, destaca-se o uso de ferramentas cujas principais vantagens são o baixo custo de implantação e facilidade de modelagem. Isso mesmo que as análises e simulações sejam muito dependentes das ações do usuário, como planilhas eletrônicas e dashboard de indicadores.

As abordagens tradicionais permitem realizar a auditoria contínua do pagamento de fretes através de codificação de regras para fazer as checagens de forma automática.

É possível contar com o apoio da ICTS Protiviti na seleção e implantação de seu Sistema de Gerenciamento de Transporte (TMS). Ou programar a auditoria contínua através de ferramentas de Analytics ou análise de dados avançada.

Na maior parte dos casos, apenas os savings com a identificação de cobranças indevidas de valores de frete já costumam cobrir custo de implantação das ferramentas.

Já entre as abordagens classificadas como inovadoras, propõe-se analisar as possíveis variações, exceções ou transações dentro do processo de gestão de pagamento de fretes. Isso é realizado por meio do processamento de dados dos logs do sistema com a ferramenta de Process Mining.

É possível, até mesmo, propor modelos preditivos de ocorrências através de algoritmos de Machine Learning. Isso é feito com base na premissa de sistemas podem aprender com dados, identificar padrões e tomar decisões com o mínimo de intervenção humana.

Nesses casos, é preciso analisar previamente se o valor agregado das soluções justifica o custo de desenvolvimento através da condução de Provas de Conceito (PoCs).

Como servir a Limonada – evitando fraudes e perdas

De acordo com os entrevistados da pesquisa de Sistemas de Gestão de Transportes do Peerless Research group and Logistics Management em 2014, as cinco principais áreas que são importantes em uma estratégia logística de longo prazo são, respectivamente:

  1. Manter o alto nível de atendimento ao cliente (96%)
  2. Reduzir os custos com pagamentos de fretes (94%)
  3. Melhorar a eficiência e a produtividade em operações logísticas (93%)
  4. Inovar para o crescimento dos negócios (79%)
  5. Melhorar a alocação de recursos (74%)

Fica claro, diante de tudo que foi exposto, como a auditoria de pagamento de fretes pode contribuir para a gestão da empresa atingir cada um dos cinco objetivos listados. Ela contribui para um melhor controle de gastos e melhor aproveitamento dos recursos através da adoção de ferramentas inovadoras para entregar resultados superiores. Também otimiza tanto o relacionamento com os fornecedores e transportadoras quanto, principalmente, com os clientes.

Desse modo, é possível transformar os limões das perdas, ineficiências operacionais e autuações fiscais numa deliciosa limonada – a auditoria de fretes proativa e online, evitando fraudes e perdas. Tudo isso acompanha muito bem a estratégia de crescimento de negócios das empresas que enxergarem essa oportunidade de melhoria de desempenho.


Matheus Raposo, especialista da área de Riscos e Performance da Protiviti Brasil.

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Riscos empresariais podem ser resumidos como as incertezas com as quais os gestores devem lidar quando estão à frente de uma organização. Em maior e menor grau, toda organização está exposta a riscos, sejam eles regulatórios, operacionais, estratégicos, cibernéticos, entre tantos outros tipos possíveis. A auditoria interna é uma aliada indispensável nesse contexto.

Como mencionado, a incerteza é natural. No entanto, quanto melhores as condições de as empresas dimensionarem os riscos maiores serão as chances que elas terão de obter sucesso no mercado em que atuam. E é exatamente em face desse trabalho que a auditoria interna ganha relevância.

Afinal de contas, fica a cargo deste departamento acompanhar a conformidade dos processos de trabalho e atuar de forma preventiva para evitar quaisquer problemas dessa natureza. Para quem é auditor ou tem alguma interface com o trabalho de auditoria na organização vale ficar atento ao que vem sendo chamado de próxima geração da auditoria interna. E este é o tema do artigo de hoje. Continue a leitura e entenda quais são eles.

Entenda as dimensões da auditoria interna

O risco empresarial pode ser pensando tanto sob o ponto de vista interno quanto externo. No tópicos, a seguir, vamos pontuar o que é cada um deles. Acompanhe!

Externo

O risco externo tem a ver com o humor do mercado e a percepção do ambiente exterior em relação à organização.  Para mensuração desse tipo de risco, vale a analise de notícias, comentários em redes sociais, informações setoriais. Enfim, acompanhar o comportamento de agentes externos em relação à empresa, de modo a capturar situações adversas e trabalhar de forma preventiva em relação a possíveis problemas.

O objetivo aqui é apurar as menções que a empresa recebe em diferentes espaços, sejam elas boas ou de ruins. Ou, ainda, tentar reconhecer  algo que não esteja diretamente relacionado organização, mas que talvez possa impactá-la.

Interno

Os riscos internos estão ligados a questões operacionais. A partir disso, podemos pensar em uma série de pontos relevantes, tais como: qual é o risco se a equipe de vendas não souber apresentar determinado produto ao mercado? Quais os riscos das lideranças de um negócio gerirem mal o os profissionais dos seus times? Como trabalhar com esses riscos? Que ações tomar?

Para ficarmos em um exemplo prático, podemos pensar no risco de acidente de trabalho. Existe todo um protocolo adotado pelas organizações, o que envolve diferentes níveis de monitoramento, treinamento, adoção de equipamentos, checklist procedimental, entre tantas outras coisas. No entanto, existiria um trabalho consistente para se verificar quais são as reais causas dos acidentes de trabalho? Ou a empresa estaria apenas reproduzindo antigos processos que, muitas vezes, são insuficientes para tratar do problema?

E é aí que a próxima geração da auditoria interna ganha relevância. Isso porque esse tipo de abordagem pressupõe a adoção de técnicas inovadoras para tratar os riscos em sua “causa raiz”.

Uma abordagem válida frente ao problema de segurança em ambiente de trabalho seria realizar uma análise minuciosa dos acidentes já registrados se valendo de técnicas de tratamento de grandes volumes de dados e inteligência artificial afim de identificar padrões frente aos casos observados.

Tendências da auditoria interna

Conheça as principais tendências da auditoria interna frente as interfaces de governança, metodologia e tecnologia.

Governança

No que se refere a governança da auditoria interna, o que se espera das equipes é um constante esforço voltado à inovação. Para isso, se faz necessário estabelecer uma visão coletiva de múltiplos riscos, controles, conformidades — tudo isso avaliado a partir de uma perspectiva única.

Cabe também fazer algumas considerações em relação à formação dos profissionais ligados a atividades de auditoria interna. O que era há bem pouco tempo considerado qualificação ou função do futuro, hoje já se considera como técnica essencial para exercício desse tipo de atividade. Isto é, se espera cada vez mais por novas abordagens para a condução dos trabalhos e aplicação dos talentos e recursos.

Quando se fala em auditoria interna, não se pode perder de vista as melhores práticas de auditoria internaAfinal de contas, trabalhar pela integridade e ética nas organizações também é uma competência das auditorias internas.

Metodologia

Quanto à metodologia da auditoria interna, deve-se considerar a adoção de uma avaliação dinâmica de todos os processos. Isso se dá a partir do uso de fontes de dados internas e externas. Além disso, há de se pensar na implementação de um programa maduro de monitoramento, que permita às auditorias internas responder às mudanças nos negócios quase que em tempo real.

As novas tendências de metodologia também passam pela geração de relatórios de alto impacto. Isso porque formatos de relatórios longos e narrativos dificultam um bom aproveitamento das informações absolutamente estratégicas desses documentos.

Tecnologia na auditoria interna

A tecnologia incorporada ao ciclo de vida da auditoria interna será uma competência vital às organizações. Afinal de contas, o tratamento de grandes volumes de dados gerados pelas empresas acaba por exigir ferramentas cada vez mais refinadas. Em meio a esse trabalho, cabe explorar as tecnologias existentes e aquelas em ascensão, como RPA, Inteligência Artificial, Machine Learning, analise massiva de dados, etc.

Com a automatização de tarefas altamente manuais dentro da função, o aproveitamento de dados permite entender processos em um nível mais profundo. Além disso, graças aos métodos de AI e algorítmicos, ainda é possível aumentar a eficácia e a eficiência de testes complexos, o que contribui para o reconhecimento de padrões.

Frente a esse que foi exposto, podemos afirmar que a análise de dados massivas e uma variedade de aplicações de tecnologias é uma característica definidora das funções de auditoria interna da próxima geração.