Planejamento Estratégico Archives - Protiviti
Erick Matheus Santos e Rafael Carniato*

Com as empresas em busca de aquisições estratégicas para expandir sua participação de mercado de forma a obter acesso a novas tecnologias ou geografias e aumentar sua competitividade, notam-se tendências que podem continuar a moldar o cenário de fusões e aquisições em 2023.

Entre elas, há uma demanda contínua por empresas de tecnologia e ativos digitais, assim como maior foco nas organizações com perfis ambientais, sociais e de governança (ESG) já desenvolvidos e nas transações internacionais devido à procura por negócios mais globalizados. Além disso,  as taxas de juros baixas podem continuar barateando os empréstimos, o que pode encorajar mais empresas a buscar acordos de fusões e aquisições.

Entretanto, num processo que envolva fusão e aquisição, ou seja, num M&A (Mergers & Acquisition), se a migração for dificultosa, podem ocorrer situações indesejadas, como clientes trocarem a empresa pelo concorrente ou certas vulnerabilidades serem exploradas de forma indevida, tornando a reorganização societária e, consequentemente, a transformação digital, um fracasso.

Por exemplo, há casos reais, como uma cisão parcial realizada no setor de seguros que foi descontinuada após recorrentes dificuldades enfrentadas na estruturação operacional, bem como na gestão de acesso para a uma nova subsidiária. Na época, a empresa não possuía estrutura e processos adequados para as atividades de gestão de acesso, sendo assim não se sabia como estava o cenário atual das permissões de acesso aos sistemas core do negócio.

Ou seja, sem a devida estruturação e controle, o processo de concessão de acesso para a nova subsidiária ocorreu de forma incompleta e desordenada, incorrendo em uma série de problemas operacionais e aumento de vulnerabilidades.

Como forma de mitigar os problemas operacionais, foram empregadas soluções de análise de dados para avaliação do cenário e ajuda na tomada de decisões estratégicas. Em pouco tempo o cenário caótico foi sendo minimizado e compreendido pelos indicadores e informações organizadas. No entanto, o desgaste já havia acontecido e o prosseguimento da cisão já não fazia sentido. Se o entendimento de cenário e controle de mudanças fossem operacionalizados de forma antecipada a partir de ferramentas de análise, o resultado teria mais chances de ser positivo.

Outro exemplo, desta vez no setor rodoviário, traz um processo de aquisição para a incorporação de tecnologia que fez com que a empresa adquirente se enquadrasse em novas exigências regulamentadoras. Um dos pontos essenciais para atendimento das exigências impostas consistia na estruturação mais robusta do processo de gestão de acesso aos sistemas incorporados, ou seja, a empresa precisou amadurecer seus processos de forma muito rápida, tendo em vista que havia pouca iniciativa desenhada para gestão de acesso.

Neste caso, o uso de técnicas de análise de dados permitiu melhoria significativa de maturidade ao aferir o cenário e desenhar planos de ação para questões ligadas à IAM (Identity and Access Management) e SoD (Segregation of Duties).  

As dificuldades enfrentadas e consequentemente a taxa de insucesso relacionadas ao processo de reorganização societária não ficam restritos apenas aos cenários internos das companhias. Segundo a Forescout, 53% das organizações se depararam com incidentes e problemas críticos de cibersegurança durante um processo de M&A, assim como 65% apresentaram arrependimento em relação ao acordo feito após enfrentarem problemas nessa questão. De forma não isolada, as vulnerabilidades de cibersegurança são exponenciais sem uma solução sólida de IAM instalada.

Isso significa que o processo de M&A terá um grande problema de segurança caso a empresa esteja gerenciando um alto volume de dados descentralizados ou sem uma estratégia de identidade centralizada.

Ter uma solução de análise massiva de dados disponível para execução antes de uma reorganização societária permite que a companhia tenha um panorama mais eficiente do cenário atual sob um contexto geral, não somente para temas voltados à gestão de dados.

Ao realizar uma análise completa e eficiente considerando grandes volumes de dados financeiros e operacionais, é possível que tendências e pontos de falhas sejam identificados levando, a decisões estratégicas mais eficientes e seguras. Ou seja, evita que meses sejam desprendidos integrando sistemas e minimiza o esforço operacional garantindo mais tempo para a equipe se dedicar em assuntos ainda mais críticos. Além disso, o emprego da tecnologia aumenta a taxa de sucesso de fusões e aquisições, pois essas tendem a falhar se não houver um processo claro de integração dos dados.

A implementação de uma ferramenta de análise de dados massivo é uma etapa crítica na jornada de migração em M&A, exigindo dos tomadores de decisão um planejamento antecipado que contemple a avaliação de quais dados e sistemas devem ser mantidos e quais serão descartados.

*Erick Matheus Santos e Rafael Carniato são da área de Internal Audit & Financial Advisory da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.

Atualmente, todo o mercado está querendo e precisa inovar com a tecnologia, bem como adequar-se às legislações atuais, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que acaba de ser sancionada pelo presidente da república. Além disso, profissionais de diversos setores passaram a ter como condição fundamental se adaptarem aos assuntos pertinentes à tecnologia da informação, mas não podemos esquecer do famoso termo “back to basics” ou seja, voltar às origens.

A TI é um imperativo organizacional, ou seja, todas as atividades dependem dela em algum nível para funcionarem. Não se trata de uma função secundária, mas sim um fim em si mesma, pois seu objetivo é dar suporte, criar e entregar valor para o negócio. Além disso, essa disciplina tem macros objetivos, como consolidar e entregar os benefícios para as áreas de negócio, cuja função é garantir os resultados realizando-os conforme planejado, assim como otimizar riscos criando uma consistência nessa realização de resultados, além de aprimorar recursos, utilizando-os de forma eficiente para gerar resultados de forma consistente.

O negócio e a tecnologia da informação precisam falar a mesma língua. Se a empresa está em fase de recessão, não adianta a TI ter planos de expansão. Ao mesmo tempo, se a empresa estiver em fase de inovação, não adianta a área de tecnologia estar em fase de estabilização. Isso significa que é necessário o alinhamento com a estratégia corporativa.

Neste aspecto é que a TI está tentando criar e agregar valor, e o risco de segurança pode colocar tudo a perder, seja utilizando recurso de forma ineficiente, entregando resultados instáveis, ou até mesmo causando rupturas em legislações vigentes. Com este cenário latente vem a pergunta: vou precisar de apoio da área de Riscos, além da Tecnologia da Informação?

Sim! Identificar, avaliar, responder e monitorar riscos são atividades em que o departamento de riscos vai ajudar a TI a estar alinhada com a estratégia corporativa. Visto isto, entendemos que a gestão foca em planejar, construir, executar e monitorar as atividades em alinhamento, sem esquecer de ter a direção definida pela governança para criar valor alcançando os objetivos, pois ela é quem dita o rumo da TI, ou seja, em última instancia é a governança que é a responsável por garantir essa entrega de valor.

Vale ressaltar que o gerenciamento de riscos é uma das ferramentas chaves da governança. Entendendo isso, você terá alinhamento estratégico, entregará valor, otimizará os recursos, as performances e a conformidade para, enfim, estar pronto para evoluir com os assuntos em alta no mercado como Data Analytics, Auditoria Contínua, Robotics, Machine Learning e certificar, ou não, seus processos em Segurança da Informação.

*Erick Matheus dos Santos é gerente da área de Internal Audit & Financial Advisory da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.