Auditoria Interna Archives - Página 2 de 4 - Protiviti

A Controladoria-Geral da União (CGU) divulgou recentemente as 84 organizações reconhecidas na edição 2022-2023 do Empresa Pró-Ética, programa que incentiva as companhias a combaterem a corrupção.  

O recebimento deste selo é um reconhecimento valorizado no mercado, uma vez que identifica empresas que possuem programas de Compliance efetivos, e que trabalham promovendo a cultura de integridade nos negócios. No entanto, para recebê-lo, a organização precisa realizar planejamento e investimentos, além de dedicação de anos de trabalho de diversos profissionais.  

Entretanto, a dúvida que fica entre as empresas que buscam se adequar a esses parâmetros e, mesmo assim, não conseguem conquistar o reconhecimento, está relacionada ao que faltou para estar entre as organizações reconhecidas.  

Em primeiro lugar, para conquistar o reconhecimento de Empresa Pró-Ética, a empresa deve atender dez áreas de avaliação, alcançando pontuação igual ou superior a 70 pontos e, cumulativamente, atingir o mínimo de 40% em todas as áreas.  

Destas áreas, três se destacaram negativamente no grupo de empresas participantes, e contabilizaram menos de 45% de índice de sucesso, ou seja, são pontos que merecem atenção das organizações. São elas “VI – Controles para assegurar a Precisão e a Clareza dos Registros Contábeis e a Confiabilidade dos Relatórios e Demonstrações Financeiras”, “IX – Monitoramento do Programa de Integridade” e “X – Transparência e Responsabilidade Social”.  

O item VI, de controles internos, foi o que as empresas obtiveram as piores notas gerais, dado que apenas 41% das empresas conseguiram demonstrar o atendimento aos requisitos. Neste tópico são abordados a avaliação do processo de gerenciamento de riscos das organizações, independência da atividade da auditoria interna, objetividade, proficiência e devido zelo profissional dos auditores internos. 

Fica claro, portanto, a necessidade de as organizações comprometidas com a ética e o combate a fraudes e à corrupção estabelecerem estruturas de gerenciamento de riscos que contemplem a auditoria interna, seja na abordagem de avaliação ou de consultoria.  

Independentemente do porte e perfil da empresa, mostra-se determinante ter uma estrutura de auditoria interna cada vez mais empoderada e estratégica, atuando em sinergia com os objetivos de Compliance das corporações. Inclusive, para obter o reconhecimento de Empresa Pró-Ética. 

Nesse contexto, os resultados também mostraram o que impediu as organizações de conseguirem o selo, que foi o não tratamento adequado de questões relacionada à segregação de funções e aos limites de alçada. Neste item, apenas 26% das empresas atenderam os requisitos, sinalizando espaço para evoluir a maturidade dos controles internos. Na mesma linha, menos de 40% das organizações demonstraram capacidade de identificar receitas ou despesas fora do padrão, ou identificar sinais suspeitos. 

Contudo, por mais que os temas supracitados possam parecer complexos de serem corrigidos, atualmente existem softwares de análises de dados para apoiar nestas questões. Dentre essas ferramentas, podemos mencionar os softwares de analytics, que são capazes de suportar a atividade de auditoria interna e controles internos como um todo e, em alguns casos, eliminar a abordagem amostral, avaliando a população.  

Ações como essas, que trabalham com bases de dados cada vez mais complexas e pesadas, podem auxiliar na criação de um ambiente de controles internos, oferecendo garantia razoável de eficácia e eficiência do processo de gerenciamento de riscos. 

Por exemplo, não é necessário auditar todo o ciclo de contas a pagar para identificar pontos fora da curva (outliers), como compras por valores muito acima da média para o período. Do mesmo modo que não é mais necessário contratar um especialista em TI apenas para avaliar se há segregação de funções e alçadas de aprovação nos ciclos financeiros das empresas.  

Com as bases de dados corretas e completas é possível desenvolver fluxos no software de analytics e gerar mensalmente indicadores que ajudam, após analisados, na correção das lacunas identificadas de forma assertiva e tempestiva. 

Por fim, lembramos que o processo de melhoria contínua deve ser adotado, uma vez que as não conformidades identificadas pela Auditoria Interna devem ser tratadas, tendo responsáveis e prazos. Dessa maneira, corrigir lacunas de forma tempestiva é fundamental para mitigar os riscos de fraude e corrupção. 

*Jefferson Kiyohara é diretor de Forensics & Integrity | Compliance e ESG, e Gustavo Ferreira é gerente na área de Internal Audit & Financial Advisory, ambos da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados. 

A importância da temática ESG (ambiental, social e governança, em português) é indiscutível entre executivos do mundo todo. E os números provam essa afirmativa: segundo estudo colaborativo que contou com a Universidade de Oxford, executivos da América do Norte, Europa e Ásia-Pacífico avaliaram essa agenda como extremamente relevante ou, de alguma forma, importante para o sucesso dos negócios na próxima década. A relação entre auditoria interna e ESG também ganha espaço.

Nesse contexto, a pesquisa revela uma crescente compreensão por parte das organizações sobre a necessidade de ajustes de procedimentos, de acordo com as melhores práticas de responsabilidade ambiental, social e de governança. No entanto, como as empresas podem se enquadrar aos desafios das diretrizes ESG em plena era do “Cisne Verde”, analogia que se refere a uma crise financeira causada pelas mudanças climáticas? 

Em primeiro lugar, precisamos considerar os serviços de auditoria interna e ESG nestas empresas. De acordo com o Instituto dos Auditores Internos (IIA), esta função ajuda a organização a “atingir seus objetivos, trazendo uma abordagem sistemática e disciplinada para avaliar e melhorar a eficácia dos processos de gerenciamento de riscos, controle e governança”.  

Desse modo, há uma convergência natural entre a perspectiva dos auditores internos e os objetivos que permeiam o gerenciamento de riscos e os controles relacionados às dimensões ESG. Porém, há alguns percalços a serem superados para se ter sucesso nessas operações. 

De acordo com a AuditBoard, plataforma de gerenciamento de risco inteligente, entre os principais obstáculos está a chamada “síndrome de desamparo ESG”, que causa a inércia entre os auditores internos em relação ao tema. Essa síndrome representa uma resposta lenta e inadequada, semelhante à paralisação observada em muitos animais diante de uma ameaça iminente. 

Nesse contexto, o compartilhamento de objetivos, conhecimento e comunicação são elementos importantes para uma auditoria interna de alto valor agregado. Isso, com profissionais desempenhando o posto de provedores de garantia e consultores, capazes de mitigar riscos e criar cenários para o futuro da organização, adaptando-se aos contextos em constante mudança. 

Em vista disso, a gestão de riscos e os controles ESG emergem como um território pioneiro e desafiador, que conta com uma auditoria interna que enfrenta um ambiente complexo e caótico. Mas que, ao mesmo tempo, oferece a oportunidade para que esses profissionais ampliem suas funções convencionais, contribuindo para a construção de um programa ESG abrangente, que pode antecipar futuras auditorias independentes.  

Entretanto, os auditores internos ainda carecem de apoio e orientações adequadas em relação ao ESG, o que gera um ponto preocupante para mitigar riscos neste sentido. Com isso, algumas ações são desenvolvidas por organizações profissionais que estão dedicadas à padronização e à normatização de práticas em conjunção com as diretrizes ESG.  

Nesse âmbito, as empresas precisam estar preparadas para uma nova realidade, já que, em breve, enfrentarão cobranças ao buscarem crédito no mercado, ao contratarem seguros e ao serem analisadas por investidores, tendo em vista que essa é uma era repleta de riscos e oportunidades, a qual sinaliza o início da “Era do Cisne Verde”

Consequentemente, a demanda para os auditores internos tende a crescer rapidamente. Esse movimento oferece uma oportunidade única para o setor se posicionar como um agente de transformação. Com uma abordagem proativa, os profissionais podem não só garantir a conformidade com as práticas ESG, mas também moldar ativamente diferentes processos e estratégias que levem em consideração essa nova realidade. 

Nessa jornada, a auditoria interna tende a desempenhar um papel fundamental na minimização dos riscos associados ao ‘Cisne Verde’. Por meio da incorporação das perspectivas ESG, o setor é capaz de ajudar a antecipar e mitigar os efeitos disruptivos desses eventos, tornando-se não apenas um verificador de conformidade, mas também um catalisador para a resiliência e a adaptação. 

*Bruno Vaz é consultor pleno de Auditoria Interna & Assessoria Financeira da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados. 

O vazamento de informações é uma das principais pautas entre gestores de TI e um dos maiores riscos que as empresas podem enfrentar e precisam tratar. Dados estratégicos, de clientes e de funcionários são exemplos de informações que, se vazadas, podem gerar prejuízos materiais, reputacionais e legais para organizações de qualquer porte. 

Sabendo que a mais significante das ameaças tecnológicas é a violação cibernética, que pode causar a exposição dos conteúdos, é muito comum ouvir falar de vazamentos de dados que ocorreram devido a algum ataque cibernético, viabilizado por meio da permissão de acesso externo às informações. Porém, a grande parte destes casos ocorrem internamente nas empresas e são protagonizados por pessoas mal-intencionadas que visam obter alguma vantagem com essa informação.  

Os dados pessoais têm se tornado cada vez mais valiosos porque, ao coletar informações, uma empresa ganha mais assertividade para oferecer os produtos certos ao cliente que tem mais afinidade em adquiri-los. E esse valor, que é de conhecimento interno, incentiva os mal-intencionados a vazarem os dados, prejudicando a organização.  

Como consequência desse cenário, medidas foram tomadas, como a criação, na Europa, da GDPR (General Data Protection Regulation), e, no Brasil, da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), que entrou em vigor em setembro de 2020, que protege, por meio de regulamentos, os dados pessoais, e aplica sanções como advertências, multas simples ou diárias e até a proibição parcial ou total do exercício de atividades relacionadas a tratamento de dados. 

Isso fez com que os processos se tornaram mais rigorosos dentro das empresas e medidas foram tomadas para aumentar o controle de acessos, a fim de evitar vazamento de informações, que são relacionados à ‘Segurança da Informação’.  

E para que estas práticas sejam bem aplicadas, algumas etapas podem ser executadas, tal como criar processos de atualizações para softwares e sistemas, definir políticas de segurança, não permitir a utilização de programas pirateados ou não confiáveis, monitorar a infraestrutura; treinar os profissionais com boas práticas de segurança da informação e monitorar frequentemente e-mails, documentos, nuvem e demais informações.  

Entretanto, é importante destacar que quando o acesso a essas informações é permitido, a responsabilidade pela prevenção ao vazamento passa a ter mais um dono: a ‘Gestão de Acessos’.  A prática acontece quando empresas concedem os acessos sem mapear as funções dos profissionais, espelhando perfis de outros usuários, ou ainda sem examinar se o exercício concedido pode gerar algum risco para o negócio. Como resultado dessa ação, colaboradores podem ter permissões incompatíveis com as funções que desempenham e, eventualmente, tirarem vantagem disso. 

Dessa forma, a aderência à LGPD envolve muito mais do que apenas ter políticas de privacidade e consentimento apropriados. É essencial que as empresas também foquem na implementação de controles internos, incluindo a gestão de acessos e  a segregação de funções (SoD), a fim de minimizar ações indevidas e, consequentemente, aumentar a proteção e conformidade destas informações. 

Em suma,  a SoD e a LGPD estão intrinsecamente relacionadas quando se trata da proteção dos dados sensíveis, uma vez que essa integração eficaz traz diversos benefícios para as empresas. Além de contribuir com a conformidade legal, essa abordagem fortalece a segurança dos dados, aumenta a confiança dos clientes e parceiros, evita danos à reputação e demonstra compromisso em proteger a privacidade das informações, oferecendo uma vantagem competitiva no mercado regulamentado. 

Eduardo Maia - Protivti

*Eduardo Maia gerente sênior de IT Risk Internal Audit & Financial Advisory da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados. 

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) é uma associação intergovernamental que promove a cooperação entre países e parceiros estratégicos em áreas como comércio, investimento, inovação e governança corporativa, entre outras, buscando o desenvolvimento econômico e o bem-estar social. A adesão do Brasil à OCDE é um assunto de grande importância pelo potencial intrínseco de recebimento de investimentos internacionais, facilitação de exportações e aumento da confiança de investidores.

Porém, para que seja realizada, há uma série de exigências a serem cumpridas, como a adoção de instrumentos jurídicos e pré-requisitos estabelecidos pela própria OCDE, tendo como destaque a Governança Corporativa, um conjunto de valores, princípios e processos que visam garantir o funcionamento das organizações de forma ética e eficiente.

Para implementar tal prática, é necessária a supervisão das atividades da empresa, principalmente no âmbito interno, onde pequenas mudanças podem impactar enormemente o resultado. Dentro deste escopo está a auditoria interna, que pode ser pode ser composta por uma equipe própria ou terceirizada, e é responsável por avaliar processos de negócios e controles internos estabelecidos, identificar novos riscos e garantir a conformidade das atividades com as leis e regulamentações. Portanto, se apresenta como um elemento chave, tendo em vista que é ela quem gerencia os riscos das organizações de forma independente, objetiva e confidencial, gerando bases sólidas que servem para atender as expectativas de investidores.

As nações que adotam boas práticas de governança corporativa têm a necessidade de ter um sistema de auditoria interna desenvolvido e independente. E isso se faz presente no Brasil por meio de alguns órgãos, como a AGU (Advocacia-Geral da União), CGU (Controladoria-Geral da União), TCU (Tribunal de Contas da União) e outros, que buscam seguir as Normas do IIA (Institute of Internal Auditors).

A auditoria interna realizada por estes entes pode exercer um papel protagonista na avaliação da conformidade das políticas e dos procedimentos com as normas da OCDE, além de aprovisionar apontamento de oportunidades de melhoria. Isso porque essas organizações fiscalizadoras realizam atividades relacionadas à defesa do patrimônio público e ao incremento da transparência da gestão por meio de ações de auditoria pública, correição, prevenção e combate à corrupção e ouvidoria, sempre visando os cinco princípios da administração pública: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência.

Dessa forma, com uma prática madura de auditoria interna, a adesão do Brasil à OCDE pode contribuir para o fortalecimento da cultura de conformidade no país, sendo um bom caminho de redução de índices de corrupção e fraudes, uma vez que, ao identificar pontos críticos nas organizações, é possível recomendar planos de ações para reparar vulnerabilidades.

*Luiz Antonio Guedes da Silva é consultor de Auditoria Interna e Assessoria Financeira da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.

Pesquisa Next-Gen IA 2023: os desafios que a Auditoria Interna enfrenta são claros para os executivos do setor: diante da escassez de novos talentos e de uma demanda cada vez maior para apoiar a transformação digital das empresas, o cenário exige da área um posicionamento cada vez mais estratégico. A pesquisa foi realizada pela Protiviti Inc.

Next Gen IA 2023 Next-Gen

A relevância da próxima geração de Auditoria Interna

Os desafios que a Auditoria Interna enfrenta são claros para os executivos do setor: diante da escassez de novos talentos e de uma demanda cada vez maior para apoiar a transformação digital das empresas, o cenário exige da área um posicionamento cada vez mais estratégico. Em meio a esse contexto, os Chief Audit Executives (CAEs) estão focados: é preciso aumentar a relevância da Auditoria Interna com o Conselho, Executivos e outras partes interessadas.  

Nas funções de Auditoria Interna, elevar a relevância e o valor entregue pelos times requer evolução e melhorias contínuas por meio de inovação e transformação. Os resultados da Next-Generation Internal Audit Survey (Next-Gen IA) de 2023 da Protiviti revelam também desafios paralelos, tais como a aquisição de novos talentos e a necessidade de avançar na capacitação tecnológica da área. Navegue a seguir pelos destaques da pesquisa, que ouviu mais de 550 executivos e C-levels do setor de Auditoria Interna.

A evolução dos riscos empresariais coloca os profissionais da Auditoria Interna no centro das atenções.  A situação se torna mais alarmante com o cenário de dificuldades na contratação e retenção do auditor interno. De acordo com a pesquisa Next-Gen IA (Next-Generation Internal Audit Survey), realizada pela Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados, 43% dos executivos do setor relatam falta de acesso a habilidades e talentos específicos necessário para essa área.

“A escassez de recursos e talentos que atuem com demandas atuais, como o uso de tecnologia nas rotinas do setor, ocorre em um momento no qual a expectativa é de que o auditor interno assuma um papel de protagonista nos riscos que surgem diariamente em um ambiente inóspito como o que vivemos. Além disso, as regulamentações e as mudanças nas prioridades de negócios trazem um componente adicional aos desafios”, esclarece Bruno Giometti, diretor de Auditoria Interna da Protiviti Brasil.

A pesquisa, que entrevistou 573 executivos, incluindo chefes executivos, diretores e gerentes de auditoria de empresas de todo mundo, sendo 60% delas com receitas de US$ 1 bilhão ou mais, identificou ainda que a escassez de profissionais está conectada a profissionais que transitam com proficiência e naturalidade nas mais diversas tecnologias que fazem parte dos negócios, como aprendizado de máquina, automação e análise de dados. Apenas 31% dos executivos têm acesso a esse tipo de perfil de auditor em suas equipes, o que dificulta a função de auditoria interna de inovar e agregar maior valor aos stakeholders.

Os Executivos de Auditoria (CAEs), que correspondem a 36% dos entrevistados, trouxeram grande preocupação com o aumento do custo dos salários e, em especial, à forte pressão das companhias para que haja uma maior eficiência financeira, e, ainda, 34% apontaram os desafios de construir e manter uma cultura focada na entrega de valor em meio a modelos de trabalho híbrido e remoto.

O estudo sugere que é vital que os líderes de auditoria desenvolvam estratégias para atrair, reter e treinar pessoas qualificadas, mantendo o pé no acelerador quando se trata de evoluir e maximizar a relevância da função para o futuro.

Diante deste cenário, as áreas de auditoria interna têm buscado estratégias alternativas para garantir o acesso aos talentos e, especial, às habilidades certas para as demandas, incluindo acordos de co-sourcing e programas de auditoria rotativa, como um complemento crítico para a contratação e as atividades de treinamento. “Isso é especialmente relevante para conjuntos de habilidades tecnológicas difíceis de encontrar”, finaliza Giometti.

A Tecnologia da Informação (TI), composto também por empresas de Segurança da Informação (SI), tem ganhado cada vez mais importância na economia global. Consequentemente, a responsabilidade das empresas do setor em relação à sustentabilidade ambiental, social e de governança (ESG) cresce na mesma proporção. De acordo com a Gartner, até 2026, a sustentabilidade ambiental será uma das prioridades para 70% das empresas que contratam serviços de TI. Isso se deve à crescente atenção dos consumidores e investidores em relação às questões de ESG e à busca por fornecedores alinhados com esses valores.

Diante deste cenário, para que o setor se mantenha em ascensão, é crucial não se atentar às questões ESG apenas em operações próprias, mas também em toda a cadeia de fornecimento para que, desta forma, seja viável sua manutenção no mercado ao longo do tempo. Isso porque, nos últimos tempos, as empresas têm se deparado com impactos em sua imagem e em suas operações devido à má atuação de terceiros e, conforme os principais frameworks de mercado, terceirizar uma atividade não significa evitar riscos, mas sim compartilhar.

Em termos de regulações e legislação, é possível citar a resolução CMN nº 4893, que se trata de uma importante ferramenta de regulamentação do sistema financeiro brasileiro e busca aumentar a segurança e a estabilidade do setor por meio da adoção de boas práticas de governança, gestão de riscos e compliance. Sua implementação contribui para um sistema financeiro mais saudável e transparente, o que beneficia tanto as instituições financeiras quanto os seus clientes.

Além disso, a SASB (Sustainability Accounting Standards Board), que é uma organização sem fins lucrativos e desenvolve padrões contábeis de sustentabilidade para diversas indústrias, entre elas, as de TI, busca evidenciar fatores ESG relevantes em termos de impactos financeiros e operacionais para as empresas. Dentro destes fatores evidenciados pela SASB para o setor de TI, podemos destacar o crescimento da oferta de serviços baseados em nuvem, que implica no aumento do número de data centers e equipamentos de hardware. Portanto, gerenciar o uso de energia e água é um importante valor ambiental para os acionistas, que estão voltados às mudanças climáticas e às oportunidades de inovação em eficiência energética e energia renovável.

Outro ponto da SASB para o setor são as crescentes ameaças de segurança de dados, como os ataques cibernéticos e de engenharia social, que colocam em risco seus próprios dados e de seus clientes. Uma gestão eficaz da Segurança da Informação nessa área, começando pela matriz SoD (Segregation Of Duties), é importante para reduzir os riscos regulatórios e de reputação que podem levar a uma diminuição da receita, menor participação de mercado e ações regulatórias envolvendo possíveis multas e outros custos legais.

Em linha com a categoria de capital humano, nota-se que a indústria de TI está enfrentando a escassez de funcionários qualificados, o que leva a altas taxas de rotatividade e concorrência para adquirir novos talentos. Algumas empresas estão contratando estrangeiros e operações offshore, enquanto outras contribuem para programas de educação e treinamento para expandir a disponibilidade de funcionários qualificados domésticos. Portanto, é possível inferir que, para garantir a qualidade dos serviços prestados por fornecedores, as empresas da indústria de TI podem considerar a realização de auditorias que verifiquem a qualificação técnica dos funcionários desses fornecedores, bem como suas práticas de recrutamento, treinamento e retenção de talentos.

É importante ressaltar que os padrões da SASB para a indústria de TI fornecem às empresas orientações claras sobre quais tópicos de sustentabilidade financeiramente relevantes devem ser divulgados em seus relatórios, buscando disponibilizar informações úteis aos investidores e outras partes interessadas. Além disso, a adoção destes conceitos divulgados pela SASB pode auxiliar as empresas a identificarem e gerenciarem os riscos, aprimorando a estratégia, melhorando as operações e a reputação, o que garantirá, assim, a sustentabilidade do negócio ao longo do tempo.

Em resumo, fica um recado em especial para as empresas do universo de TI:  buscar se atentar não somente às questões de governança, mas também aos aspectos ambientais e sociais caso queiram se manter relevantes no mercado, sem obviamente se esquecerem da cadeia de fornecedores, que também pode causar impactos em suas operações e imagens. 

*Erick Matheus Santos e Filipe Monteiro são gerentes na área de Internal Audit & Financial Advisory da Protiviti.

Erick Matheus Santos e Rafael Carniato*

Com as empresas em busca de aquisições estratégicas para expandir sua participação de mercado de forma a obter acesso a novas tecnologias ou geografias e aumentar sua competitividade, notam-se tendências que podem continuar a moldar o cenário de fusões e aquisições em 2023.

Entre elas, há uma demanda contínua por empresas de tecnologia e ativos digitais, assim como maior foco nas organizações com perfis ambientais, sociais e de governança (ESG) já desenvolvidos e nas transações internacionais devido à procura por negócios mais globalizados. Além disso,  as taxas de juros baixas podem continuar barateando os empréstimos, o que pode encorajar mais empresas a buscar acordos de fusões e aquisições.

Entretanto, num processo que envolva fusão e aquisição, ou seja, num M&A (Mergers & Acquisition), se a migração for dificultosa, podem ocorrer situações indesejadas, como clientes trocarem a empresa pelo concorrente ou certas vulnerabilidades serem exploradas de forma indevida, tornando a reorganização societária e, consequentemente, a transformação digital, um fracasso.

Por exemplo, há casos reais, como uma cisão parcial realizada no setor de seguros que foi descontinuada após recorrentes dificuldades enfrentadas na estruturação operacional, bem como na gestão de acesso para a uma nova subsidiária. Na época, a empresa não possuía estrutura e processos adequados para as atividades de gestão de acesso, sendo assim não se sabia como estava o cenário atual das permissões de acesso aos sistemas core do negócio.

Ou seja, sem a devida estruturação e controle, o processo de concessão de acesso para a nova subsidiária ocorreu de forma incompleta e desordenada, incorrendo em uma série de problemas operacionais e aumento de vulnerabilidades.

Como forma de mitigar os problemas operacionais, foram empregadas soluções de análise de dados para avaliação do cenário e ajuda na tomada de decisões estratégicas. Em pouco tempo o cenário caótico foi sendo minimizado e compreendido pelos indicadores e informações organizadas. No entanto, o desgaste já havia acontecido e o prosseguimento da cisão já não fazia sentido. Se o entendimento de cenário e controle de mudanças fossem operacionalizados de forma antecipada a partir de ferramentas de análise, o resultado teria mais chances de ser positivo.

Outro exemplo, desta vez no setor rodoviário, traz um processo de aquisição para a incorporação de tecnologia que fez com que a empresa adquirente se enquadrasse em novas exigências regulamentadoras. Um dos pontos essenciais para atendimento das exigências impostas consistia na estruturação mais robusta do processo de gestão de acesso aos sistemas incorporados, ou seja, a empresa precisou amadurecer seus processos de forma muito rápida, tendo em vista que havia pouca iniciativa desenhada para gestão de acesso.

Neste caso, o uso de técnicas de análise de dados permitiu melhoria significativa de maturidade ao aferir o cenário e desenhar planos de ação para questões ligadas à IAM (Identity and Access Management) e SoD (Segregation of Duties).  

As dificuldades enfrentadas e consequentemente a taxa de insucesso relacionadas ao processo de reorganização societária não ficam restritos apenas aos cenários internos das companhias. Segundo a Forescout, 53% das organizações se depararam com incidentes e problemas críticos de cibersegurança durante um processo de M&A, assim como 65% apresentaram arrependimento em relação ao acordo feito após enfrentarem problemas nessa questão. De forma não isolada, as vulnerabilidades de cibersegurança são exponenciais sem uma solução sólida de IAM instalada.

Isso significa que o processo de M&A terá um grande problema de segurança caso a empresa esteja gerenciando um alto volume de dados descentralizados ou sem uma estratégia de identidade centralizada.

Ter uma solução de análise massiva de dados disponível para execução antes de uma reorganização societária permite que a companhia tenha um panorama mais eficiente do cenário atual sob um contexto geral, não somente para temas voltados à gestão de dados.

Ao realizar uma análise completa e eficiente considerando grandes volumes de dados financeiros e operacionais, é possível que tendências e pontos de falhas sejam identificados levando, a decisões estratégicas mais eficientes e seguras. Ou seja, evita que meses sejam desprendidos integrando sistemas e minimiza o esforço operacional garantindo mais tempo para a equipe se dedicar em assuntos ainda mais críticos. Além disso, o emprego da tecnologia aumenta a taxa de sucesso de fusões e aquisições, pois essas tendem a falhar se não houver um processo claro de integração dos dados.

A implementação de uma ferramenta de análise de dados massivo é uma etapa crítica na jornada de migração em M&A, exigindo dos tomadores de decisão um planejamento antecipado que contemple a avaliação de quais dados e sistemas devem ser mantidos e quais serão descartados.

*Erick Matheus Santos e Rafael Carniato são da área de Internal Audit & Financial Advisory da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.

Erick Matheus Santos e Gustavo Ferreira*

A Lei Sarbanes-Oxley (SOX), promulgada nos Estados Unidos e voltada para a governança corporativa, traz as novas questões regulatórias sobre a privacidade de dados e os constantes processos de violações de segurança, forçando as empresas a aumentarem a conscientização e a responsabilidade sobre as ações internas de seus funcionários. 

Um dos instrumentos para tal controle é a matriz Segregation of Duties ou Segregação de Funções (SoD). Sem ela, as segregações inadequadas de funções podem dificultar a prevenção, detecção e investigação de fraudes, o que pode levar a declarações financeiras incorretas, punições regulatórias, danos à reputação da empresa e redução da confiança dos investidores. Há também o risco de apropriação indébita de ativos, que envolve terceiros ou funcionários de uma organização que abusam de sua posição para roubá-la por meio de atividade fraudulenta.

Ou seja, se os controles internos não forem confiáveis, abrem-se precedentes para aumentar os testes substantivos pela auditoria interna e pelo auditor externo, traduzindo-se em custos adicionais para a organização. E as descobertas mais sérias podem levar a uma avaliação pelo auditor externo de que a empresa possui uma deficiência significativa ou fraqueza material.

Por último, se os SoDs não estiverem presentes, levanta-se a questão sobre se as informações e provas obtidas são confiáveis, isentas de erros ou podem sugerir a existência de uma distorção material. Como resultado, o auditor pode aumentar o tamanho das amostras, diminuir o limite de testes substantivos ou aumentar os procedimentos de auditoria em geral.

Por isso, os SoDs devem ser proporcionais ao tamanho, à complexidade e ao risco geral das operações de uma empresa e do ambiente de relatórios financeiros, o que os torna importantes nos esforços para reduzir fraudes e aumentar a eficácia operacional.

Controles compensatórios podem existir para mitigar os riscos resultantes da falta de segregação adequada de funções. Entretanto, eles incluem trilhas de auditoria, reconciliação, revisões de supervisão e logs de transações que podem encarecer os custos. Portanto, recomenda-se que a SoD seja implantada por meio de um projeto e sustentada ao longo do tempo.

Prevenir resultados desastrosos

Sem a SoD, qualquer destes cenários mostra claramente a possibilidade de resultados desastrosos, exatamente o que não se tolera na Lei SOX. Como resultado, o objetivo de gerenciamento de risco dos controles SoD é evitar que ações unilaterais ocorram em processos-chave nos quais os efeitos irreversíveis estejam além da tolerância de uma organização a erros ou fraudes.

Independentemente da metodologia, ou do framework que sustenta o processo de gerenciamento de risco de uma empresa, a SoD é assunto relevante, pois a gestão de perfil de acesso é uma preocupação recorrente entre membros de comitês de auditoria, especialmente em períodos de ameaças cibernéticas cada vez mais frequentes.

Para nós, auditores independentes para certificação SOX, é evidente perceber que quanto maior a preocupação com a SoD e seus desdobramentos, de uma maneira preventiva, maior é o nível de maturidade de governança da empresa em todo o seu processo de gerenciamento de riscos. 

*Erick Matheus Santos e Gustavo Ferreira são gerentes na área de Internal Audit & Financial Advisory da Protiviti, empresa especializada em soluções para gestão de riscos, compliance, ESG, auditoria interna, investigação, proteção e privacidade de dados.